Ep.52 - De lagrimas nem uma pinga

Published: Jan. 19, 2021, 9 p.m.

b'Nat\\xe1lia Correia atravessou o s\\xe9culo XX como se a miopia do seu tempo lhe reservasse as janelas de um templo vindouro, onde a palavra fosse a chama po\\xe9tica.\\xa0\\nViveu rodeada de gente que a admirava mas n\\xe3o a compreendia,\\xa0de cr\\xedticos e de jovens que prometiam am\\xe1-la num "futuro que houve dantes".\\xa0\\nViveu entre a ilha e a utopia, emergiu para mostrar o avesso da contemporaneidade, foi feminista, assumiu causas e agigantou-se pelas liberdades.\\nO livro de poemas O Dil\\xfavio e a Pomba, publicado em 1979 est\\xe1 dividido em tr\\xeas partes: a primeira com o t\\xedtulo "Onde o mar, com paredes de vidro, rodeia o centro inviol\\xe1vel: a Ilha"; a segunda "A \\xc1rvore da Vida"; e a terceira "O Esp\\xedrito \\xe9 t\\xe3o real como uma \\xe1rvore".\\xa0\\n\\xc9 nesta que se situa o poema "O Livro dos Mortos" cujos versos testemunham a \\xedndole da autora,\\xa0a sua cren\\xe7a e a afirma\\xe7\\xe3o do seu car\\xe1ter.\\n\\n"Por favor, em funeral\\nn\\xe3o me ponham pranto \\xe0 volta.\\nIsso do choro faz mal\\na quem do peso se solta."'