#52 Ricardo Paes Mamede - Pensar politicas economicas nao e apenas uma questao tecnica - depende dos nossos valores

Published: March 13, 2019, 8 a.m.

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Ricardo Paes Mamede \\xe9 professor de Economia Pol\\xedtica na Escola de Ci\\xeancias Sociais e Humanas do ISCTE. Para al\\xe9m disso, \\xe9 membro do Conselho Econ\\xf3mico e Social, um dos autores do blog Ladr\\xf5es de Bicicletas, autor de livros sobre economia - o mais recente dos quais \\u2018A Economia Como Desporto de Combate\\u2019 - e \\xe9, desde h\\xe1 alguns anos, comentador regular na televis\\xe3o.

O convidado \\xe9 dos economistas portugueses mais reputados e um caso particular, porque n\\xe3o s\\xf3 n\\xe3o evita como assume abertamente transmitir a vis\\xe3o de um \\u201ceconomista de esquerda\\u201d. Ali\\xe1s, confesso que o meu objectivo at\\xe9 era ter uma conversa mais sobre a economia enquanto ci\\xeancia, mas rapidamente a economia pol\\xedtica tomou conta da conversa.

Como \\xe9 h\\xe1bito no 45\\xba, toc\\xe1mos numa s\\xe9rie de assuntos.

  1. Come\\xe7\\xe1mos por discutir a vis\\xe3o do convidado em rela\\xe7\\xe3o \\xe0s limita\\xe7\\xf5es da ci\\xeancia econ\\xf3mica. Desde logo, do curr\\xedculo que \\xe9 dado nos cursos da faculdade, mas tamb\\xe9m da pr\\xf3pria investiga\\xe7\\xe3o que \\xe9 feita. E o Ricardo faz observa\\xe7\\xf5es muito relevantes a este respeito. Por um lado, nota que as verdades em economia, quando as conseguimos encontrar, s\\xe3o sempre espec\\xedficas a um tempo e espa\\xe7o (e n\\xe3o gerais, portanto). Por outro, argumenta que as conclus\\xf5es da investiga\\xe7\\xe3o s\\xe3o sempre influenciadas pelos valores de quem investiga, at\\xe9 na escolha dos indicadores que se privilegia quando se avalia uma realidade econ\\xf3mica que \\xe9, sempre, ultra-complexa, com efeitos de ordem diferente e desfasados no tempo. Dito isto, embora partilhe de alguma dessa embirra\\xe7\\xe3o, n\\xe3o concordo, como j\\xe1 vou explicar, que em economia tudo seja relativiz\\xe1vel.
  2. Seguidamente, a conversa levou-nos a muitos dos debates centrais da Economia Pol\\xedtica, como: Keynes e contexto hist\\xf3rico do keynesianismo; a hist\\xf3ria do capitalismo, o neoliberalismo (na defini\\xe7\\xe3o particular do convidado), o papel explicativo da qualidade das institui\\xe7\\xf5es, para l\\xe1 de pol\\xedticas de esquerda ou direita, sobre a prosperidade econ\\xf3mica dos pa\\xedses e ainda o caso espec\\xedfico do modelo econ\\xf3mico das chamadas sociais-democracias escandinavas (que combinam uma economia capitalista competitiva com um Estado Social forte).
  3. Finalmente, tentei desafiar o convidado para algo que considero faltar em Portugal. \\xc9 que, apesar das ditas limita\\xe7\\xf5es da ci\\xeancia econ\\xf3mica e de muitos economistas com acesso pr\\xf3ximo aos ouvidos dos pol\\xedticos terem inflacionado as capacidades reais da disciplina, julgo que existem bons exemplos de conclus\\xf5es da investiga\\xe7\\xe3o que s\\xe3o relativamente transversais \\xe0 orienta\\xe7\\xe3o pol\\xedtica dos investigadores, e que fazia falta que tivessem mais protagonismo no debate pol\\xedtico, que \\xe9 tantas vezes, de um lado e de outro, ignorante e simplista. Acho mesmo que esse \\xe9 um contributo que os economistas, enquanto cientistas, ainda que sociais, podiam dar conjuntamente. Um bom exemplo disto de que falo, noutra realidade, foi o exerc\\xedcio feito pelo podcast Planet Money da NPR (r\\xe1dio p\\xfablica dos Estados Unidos), que conseguiu identificar cinco grandes medidas de reforma fiscal apoiadas por economistas da esquerda \\xe0 direita. Encontram, como habitual, o link na descri\\xe7\\xe3o do epis\\xf3dio.
  4. No final do epis\\xf3dio, fal\\xe1mos ainda das limita\\xe7\\xf5es do PIB e de pol\\xedticas potenciais de crescimento econ\\xf3mico em Portugal.

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Liga\\xe7\\xf5es:

Bio: Doutorado em Economia pela Universidade Bocconi (It\\xe1lia), Mestre em Economia e Gest\\xe3o de Ci\\xeancia e Tecnologia pelo Instituto Superior de Economia e Gest\\xe3o da Universidade de Lisboa (ISEG/UL), e Licenciado em Economia pela mesma institui\\xe7\\xe3o. Professor Auxiliar e Subdirector do Departamento de Economia Pol\\xedtica do ISCTE \\u2013 Instituto Universit\\xe1rio de Lisboa, onde lecciona desde 1999 nas \\xe1reas da Economia e Integra\\xe7\\xe3o Europeia, da Economia Sectorial e da Inova\\xe7\\xe3o, e das Pol\\xedticas Econ\\xf3micas. \\xc9 actualmente Director do Mestrado em Economia e Pol\\xedticas P\\xfablicas do ISCTE-IUL e Presidente da Direc\\xe7\\xe3o do Instituto para as Pol\\xedticas P\\xfablicas e Sociais (IPPS-IUL). Entre 2008 e o in\\xedcio de 2014 foi Coordenador do N\\xfacleo de Estudos e Avalia\\xe7\\xe3o do Observat\\xf3rio do QREN. Foi Director de Servi\\xe7os de An\\xe1lise Econ\\xf3mica e Previs\\xe3o do Gabinete de Estrat\\xe9gia e Estudos do Minist\\xe9rio da Economia e da Inova\\xe7\\xe3o em 2007 e 2008. Membro do Conselho Econ\\xf3mico e Social desde 2017, eleito na qualidade de Personalidade de Reconhecido M\\xe9rito. Membro do Din\\xe2mia\'CET (Centro de Estudos sobre a Mudan\\xe7a Socioecon\\xf3mica e o Territ\\xf3rio). Interesses de investiga\\xe7\\xe3o: mudan\\xe7a estrutural e desenvolvimento econ\\xf3mico, din\\xe2micas sectoriais e inova\\xe7\\xe3o, e pol\\xedticas p\\xfablicas.

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