#108 Aires Almeida - Para que serve a Arte?

Published: Oct. 6, 2021, 7 a.m.

b'

O convidado \\xe9 licenciado e mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa. Tem-se dedicado sobretudo \\xe0 filosofia da arte. Dirige a cole\\xe7\\xe3o Filosofia Aberta, da Gradiva e \\xe9 autor de v\\xe1rios livros, entre os quais O Valor Cognitivo da Arte (2010) e A Defini\\xe7\\xe3o de Arte: O Essencial (2019).

-> Apoie este projecto e fa\\xe7a parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar

Foi sobretudo este \\xfaltimo -- sobre o que \\xe9, afinal, a arte -- o mote para a nossa conversa.\\xa0

J\\xe1 h\\xe1 muito tempo que queria falar sobre arte no 45 Graus. \\xc9 um tema obviamente com muito pano para mangas; afinal, n\\xe3o h\\xe1 ningu\\xe9m que n\\xe3o aprecie alguma forma de arte, seja ela a pintura, a m\\xfasica ou o cinema.\\xa0\\xa0No entanto, faltava-me encontrar um convidado que tivesse a abordagem certa. Porque a verdade \\xe9 que a arte, como depende muito da nossa sensibilidade individual, \\xe9 um tema que se presta muito a an\\xe1lises, digamos, pouco\\u2026 objectivas.\\xa0

Ou \\xe9 discutido numa l\\xf3gica puramente subjectiva, do tipo: \\u201cadooooro o Tarantino\\u201d -- ou a Paula Rego (ou, pelo contr\\xe1rio eles \\u201cn\\xe3o me dizem nada\\u201d).\\xa0Ou \\xe9 discutido de uma forma quase religiosa, com uma admira\\xe7\\xe3o cega por tudo o que \\xe9 de determinado artista, seja ele o David Bowie ou Picasso. (A nossa conversa come\\xe7a precisamente por este ponto).\\xa0Ou ent\\xe3o, mesmo quando encontramos uma discuss\\xe3o acesa sobre arte, como \\xe9 comum por exemplo na cr\\xedtica de cinema, o que vemos, na verdade, muitas vezes, \\xe9 uma discuss\\xe3o com superlativos a mais e objectividade a menos.

De certa forma, pode dizer-se que estive este tempo todo \\xe0 espera de um convidado como o Aires Almeida, que consegue falar sobre arte de forma cativante mas sem peneiras nem poses. O nome dele foi-me sugerido pelo Desid\\xe9rio Murcho, outro grande convidado do 45G, a quem agrade\\xe7o.

O ponto de partida para a nossa conversa foi o mais elementar de todos: o que \\xe9 a arte? Que aspectos s\\xe3o comuns a formas t\\xe3o diferentes de arte como a pintura, a m\\xfasica ou a literatura e que, no entanto, as distinguem de outras actividades humanas? E porque \\xe9 que a arte \\xe9 algo que consideramos valioso -- o que \\xe9 que a arte nos d\\xe1? D\\xe1-nos prazer, claramente, mas pode tamb\\xe9m ser uma fonte de conhecimento? Ou \\xe9 simplesmente um tipo de experi\\xeancia diferente dos outros todos?

Foi uma longa conversa, na qual percorremos uma s\\xe9rie destes aspectos da natureza da arte.

_______________

\\xcdndice da conversa:

(03:04) n\\xe3o devemos tratar a arte como algo sagrado, n\\xe3o tem valor intr\\xednseco. (No\\xebl Carroll, fil\\xf3sofo)\\xa0

(12:34) Os v\\xe1rios problemas filos\\xf3ficos em torno da arte | O que \\xe9 arte? Diferentes tipos de defini\\xe7\\xf5es. | Casos-fronteira. Gato Fedorento - Lusco Fusco | Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

(25:09) Porque \\xe9 que, enquanto sociedade, valorizamos tanto a arte e os artistas? | O que \\xe9 a Arte?, de Lev Tolst\\xf3i

(29:19) H\\xe1 muita arte m\\xe1. A fal\\xe1cia da divis\\xe3o. | Gerhard Richter | Muita arte poderia ser destru\\xedda.\\xa0

(35:55) A arte enquanto fonte de prazer. Robert Nozick e a \\u201cm\\xe1quina das experi\\xeancias\\u201d | O entretenimento \\xe9 inimigo da arte?

(41:27) A arte enquanto fonte de conhecimento? Jerome Stolnitz on the cognitive triviality of art | A arte enquanto est\\xedmulo dos sentidos. | A arte enquanto fonte de uma \\u2018experi\\xeancia est\\xe9tica\\u2019 que \\xe9 \\xfanica. | A m\\xfasica \\xe9 universal?\\xa0

(54:30) A arte enquanto meio para experienciar emo\\xe7\\xf5es que de outra forma n\\xe3o ter\\xedamos (ou sem ter o custo associado). (Porque \\xe9 que as pessoas ouvem m\\xfasica triste e v\\xeaem filmes de terror?)

(01:01:01) O papel no valor que a Humanidade da arte da admira\\xe7\\xe3o pelo/a g\\xe9nio do artista.

(01:06:17) Por que admiramos mais o talento do que o esfor\\xe7o? | A \\u2018regra\\u2019 das 10,000 horas de treino | Livro \\u201cGuitar Zero\\u201d, de Gary Marcus | Livro \\u201cThe Sense of Style\\u201d, de Steven Pinker\\xa0

(01:14:04) A inten\\xe7\\xe3o do artista importa para o valor da obra? | Ensaio \\u201cA morte do autor\\u201d, de Roland Barthes |\\xa0

(01:20:43) Quando a arte se torna um mero adere\\xe7o social (a \\u201cpose\\u201d dos artistas e dos cr\\xedticos de arte). | M\\xfasica atonal. | Os Abba

(01:23:43) Quando a mesma m\\xfasica ou o mesmo filme nos despertam reac\\xe7\\xf5es diferentes em momentos diferentes da vida. | \\u201cVoando sobre um ninho de cucos\\u201d | A dificuldade em apreciar devidamente obras marcantes antigas que foram revolucion\\xe1rias na altura. | Pulp Fiction. | Filmes de Manoel de Oliveira. | Ulysses, de James Joyce

(01:33:07) Obras falsas podem ser consideradas arte? Document\\xe1rio Netflix \\u201cMade You Look\\u201d. | Han van Meegeren. O falsificador que engazopava nazis. | Nelson Goodman (fil\\xf3sofo) | O urinol de Marcel Duchamp\\xa0

(1:39:19) ...de volta ao problema da Defini\\xe7\\xe3o da Arte: como classificar a arte de vanguarda? | Anti-humor | Nick Zangwill (fil\\xf3sofo)

(1:45:54) Livro recomendado: \\u201cInvestiga\\xe7\\xf5es Est\\xe9ticas - Ensaios de filosofia da arte\\u201d, de Jerrold Levinson\\xa0

_______________

Obrigado aos mecenas do podcast:

Tom\\xe1s Fragoso, Gon\\xe7alo Murteira Machado Monteiro, Nuno Costa, Francisco Hermenegildo, M\\xe1rio Louren\\xe7o, Carlos Sei\\xe7a Cardoso, Jos\\xe9 Lu\\xeds Malaquias, Tiago Leite, Carlos Martins, Corto Lemos, Margarida Varela, Filipe Bento Caires, Miguel Marques, Galar\\xf3 family, Nuno e Ana, Jo\\xe3o Ribeiro, Miguel Vassalo, Bruno Heleno

Gon\\xe7alo Matos, Emanuel Gouveia, Ricardo Santos, Ricardo Duarte, Ana Sousa Amorim, Manuel Martins, Sara Mesquita, Francisco Sequeira Andrade, ChaosSeeker , Gabriel Sousa, Gil Nogueira, Luis Brand\\xe3o Marques, Ab\\xedlio Silva, Joao Saro, Tiago Neves Paix\\xe3o, Daniel Correia, Rita Mateus, Ant\\xf3nio Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, Jo\\xe3o Nelas, Francisco Fonseca, Diogo Sampaio Viana, Jos\\xe9 Soveral, Andr\\xe9 Oliveira, Andreia Esteves, Jo\\xe3o Bernardino, Lu\\xeds Costa, Ana Teresa Mota, Isabel Oliveira, Arune Bhuralal

Rui Baldaia, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, Hugo Correia, Duarte , Francisco Vasconcelos, Telmo , Jose Pedroso, MANNA Porto, Jos\\xe9 Proen\\xe7a, Carlos Manuel Lopes de Magalh\\xe3es Lima, Maria Francisca Couto, joana Antunes, Nelson Po\\xe7as, Francisco L\\xf3pez Berm\\xfadez, Carlos Silveira, Diogo Rombo, Bruno Lamas, F\\xe1bio Mota, V\\xedtor Ara\\xfajo, Jo\\xe3o Pereira, Francisco Valente, Nuno Balsas, Jorge Amorim, Rui Vil\\xe3o, Jo\\xe3o Ferreira, Lu\\xeds Elias, Jos\\xe9 Losa, H\\xe9lder Moreira, Diogo Fonseca, Frederico Apol\\xf3nia, Andr\\xe9 Abrantes, Henrique Vieira, Jo\\xe3o Farinha, Paulo Fernandes, Nuno Lages, Jo\\xe3o Diamantino, Vasco S\\xc1 Pinto, Rui Carrilho, Luis Quelhas Valente, Tiago Pires, Mafalda Pratas, Renato Vasconcelos, Jo\\xe3o Raimundo, Francisco Arantes, Francisco dos Santos, Mariana Barosa, Marta Baptista Coelho, Jo\\xe3o Castanheira, Pedro , rodrigo Braz\\xe3o, Nuno Gon\\xe7alves, Pedro Rebelo, Tom\\xe1s F\\xe9lix, Vasco Lima, Joao Pinto, Jo\\xe3o Moreira, Jos\\xe9 Oliveira Pratas, Jo\\xe3o Diogo Silva, Marco Coelho, Joao Diogo, Francisco Aguiar , Tiago Costa da Rocha, Jo\\xe3o Crispim, Paulo dos Santos, Ab\\xedlio Mateus, Jo\\xe3o Pinho , Andrea Grosso, Miguel Lamela, Margarida Gon\\xe7alves, Afonso Martins, Jo\\xe3o Barbosa, Luis Filipe, Renato Mendes, Ant\\xf3nio Albuquerque, Francisco Santos, juu-san, Fernando Sousa, Pedro Correia, MacacoQuitado, Paulo Ferreira, Gabriela, Nuno Almeida, Francisco Manuel Reis, Daniel Almeida, Albino Ramos, In\\xeas Patr\\xe3o, Patr\\xedcia Esqu\\xedvel , Diogo Silva, Miguel Mendes, Luis Gomes, Ana Batista, Alberto Santos Silva, Cesar Correia, Susana Ladeiro, Gil Batista Marinho, Filipe Melo, Cheila Bhuralal, Bruno Machado, Miguel Palhas, isosamep, Robertt , Pedro F. Finisterra, Cristiano Tavares, Pedro Vieira, Jorge Soares, Maria Oliveira, Bruno Amorim In\\xe1cio, Nuno , Wedge, Pedro Brito, Manuel Botelho da Silva, Ricardo Leit\\xe3o, V\\xedtor Filipe, Jo\\xe3o Bastos, Nat\\xe1lia Ribeiro, Bernardo Pimentel, Pedro Gaspar, Hugo Domingues

_______________

Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira

_______________

Bio: Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, onde tamb\\xe9m obteve o grau de Mestre em Filosofia da Linguagem e da Consci\\xeancia (2005), com uma tese sobre filosofia da arte. \\xc9 professor de Filosofia do ensino secund\\xe1rio, colaborador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa (Grupo LangCog) e, desde 2017, \\xe9 membro da direc\\xe7\\xe3o da Sociedade Portuguesa de Filosofia. \\xc9 autor dos livros O Valor Cognitivo da Arte (2010) e A Defini\\xe7\\xe3o de Arte: O Essencial (2019), coautor, com Desid\\xe9rio Murcho, de Janelas Para a Filosofia (2014, entretanto esgotado) e de v\\xe1rios outros livros did\\xe1cticos de filosofia. Desde 2006 dirige a cole\\xe7\\xe3o Filosofia Aberta, da Gradiva Publica\\xe7\\xf5es. Vive em Portim\\xe3o, mas \\xe9 natural de Vila Nova de Foz C\\xf4a.

'