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b'Desde que se mede o volume do rio, h\\xe1 mais de 120 anos, ele nunca esteve t\\xe3o baixo. Resultado de uma longa e intensa escassez de chuvas em uma das regi\\xf5es mais \\xfamidas da floresta amaz\\xf4nica. Assim, desde o Alto Rio Negro at\\xe9 ele se somar ao Rio Solim\\xf5es e formar o Amazonas, mais de 600 mil pessoas sofrem as consequ\\xeancias desta seca - al\\xe9m do impacto ainda imensur\\xe1vel na fauna e flora. Entre as comunidades afetadas, est\\xe1 a aldeia A\\xe7a\\xed-Paran\\xe1, em S\\xe3o Gabriel da Cachoeira, onde vivem cerca de 50 ind\\xedgenas da etnia Piratapuya, \\xe0s margens do Rio Uaup\\xe9s. Um desses ind\\xedgenas \\xe9 Rosivaldo Miranda, que foi agente de manejo ambiental e, durante quase 10 anos, registrou as mudan\\xe7as no clima da regi\\xe3o. Diretamente de sua comunidade, ele relatou ao Assunto como tem sido a vida daqueles que dependem do rio: \\u201cA gente fica com medo de perder o rio. E sofrer as consequ\\xeancias\\u201d. Natuza Nery entrevista Jochen Schongert, pesquisador da coordena\\xe7\\xe3o de pesquisas em din\\xe2mica ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\\xf4nia (Inpa) e integrante do grupo de pesquisa Maua (Ecologia, Monitoramento e Uso Sustent\\xe1vel de \\xc1reas \\xdamidas). Neste epis\\xf3dio: \\n\\n- Rosivaldo descreve como foram os \\xfaltimos 3 meses para sua comunidade diante da estiagem. Ele relata a impossibilidade de navegar nos trechos mais secos dos rios, a queda na oferta de peixes para a pesca e at\\xe9 a ocorr\\xeancia de queimadas no ro\\xe7ado de parentes. \\u201cA seca foi t\\xe3o r\\xe1pida que n\\xe3o deu para planejar nada\\u201d, conta. \\u201cA \\xe1gua ficou quente, parecia estar fervendo. E a gente depende muito do rio e da \\xe1gua pra sobreviver\\u201d; \\n\\n- Jochen explica como a eleva\\xe7\\xe3o da temperatura da \\xe1gua, que chegou a superar os 39\\xb0C, resultou na morte de peixes e mam\\xedferos aqu\\xe1ticos, caso dos botos \\u2013 pelo menos 150 deles perderam a vida desde agosto. \\u201c\\xc9 um enorme impacto para o ecossistema e para as comunidades ribeirinhas\\u201d, afirma;\\n\\n- Ele fala sobre as consequ\\xeancias da \\u201canomalia clim\\xe1tica\\u201d em toda a Amaz\\xf4nia e alerta para o risco de que a temporada de chuvas, que se inicia entre outubro e novembro, seja fraca: \\u201cE, com isso, vamos enfrentar nova seca severa no ano que vem\\u201d.'