Inflacao: a do Brasil e a do mundo

Published: Nov. 16, 2021, 3:21 a.m.

b'A acelera\\xe7\\xe3o de pre\\xe7os \\xe9 global. Mas aqui ela n\\xe3o apenas alcan\\xe7a taxas mais elevadas como tem motores espec\\xedficos. Com a ajuda de dois estudiosos do tema, este epis\\xf3dio procura explicar tanto o fen\\xf4meno geral quanto as peculiaridades do caso brasileiro. Para a primeira tarefa, o convidado \\xe9 Otaviano Canuto, ex-diretor-executivo do FMI e do Banco Mundial. De Washington, onde dirige o Centro para Macroeconomia e Desenvolvimento, ele analisa o momento hist\\xf3rico \\u201cextraordin\\xe1rio\\u201d, no qual o aquecimento da demanda (especialmente nos pa\\xedses ricos) n\\xe3o encontra correspond\\xeancia na oferta (ainda impactada pelo efeito disruptivo da pandemia nas cadeias produtivas). Canuto descreve as faces da crise de energia em diferentes regi\\xf5es e a escassez de m\\xe3o-de-obra nos Estados Unidos - onde a infla\\xe7\\xe3o anualizada \\xe9 a maior em tr\\xeas d\\xe9cadas. Na compara\\xe7\\xe3o com ciclos passados, ele v\\xea vantagem no fato de hoje n\\xe3o haver a \\u201cdin\\xe2mica perversa da corrida entre sal\\xe1rios e pre\\xe7os\\u201d, nem economias t\\xe3o fechadas, o que oferece \\u201cpossibilidade maior de substitui\\xe7\\xe3o de produtos\\u201d. A quest\\xe3o principal, diz, \\xe9 \\u201cquando os agentes privados acham que a situa\\xe7\\xe3o vai se estabilizar\\u201d. E conclui: n\\xe3o antes do meio de 2022. Renata Lo Prete conversa tamb\\xe9m com Andr\\xe9 Braz, pesquisador do Ibre-FGV, que aponta o espalhamento como um dos tra\\xe7os distintivos da infla\\xe7\\xe3o brasileira. Puxada sobretudo por energia el\\xe9trica e combust\\xedveis (estes sob efeito permanente de uma desvaloriza\\xe7\\xe3o cambial acima da m\\xe9dia), ela hoje est\\xe1 disseminada por todos os pre\\xe7os da economia, e em outubro atingiu o maior patamar, para esse m\\xeas, desde 2002. Braz chama a aten\\xe7\\xe3o para outro elemento complicador: \\u201ccomo nossa infla\\xe7\\xe3o n\\xe3o \\xe9 de demanda, e sim de custos, aumentar a Selic ajuda pouco a resolver\\u201d. Ele se refere \\xe0 eleva\\xe7\\xe3o da taxa b\\xe1sica de juros que o Banco Central vem promovendo. Melhor rem\\xe9dio, avalia o economista, seria o fiscal. Mas ele mesmo acha improv\\xe1vel que, com uma campanha eleitoral pela frente, governo e Congresso tomem medidas relevantes de corte de gastos.'