Fogo na Cinemateca: memoria destruida

Published: Aug. 2, 2021, 3:16 a.m.

b'\\u201cTodo mundo sabia que ia acontecer. E aconteceu", diz o diretor Cac\\xe1 Diegues sobre a cr\\xf4nica de neglig\\xeancia e asfixia de recursos que culminou no inc\\xeandio do galp\\xe3o na Vila Leopoldina, em S\\xe3o Paulo. Os documentos armazenados ali, cerca de um milh\\xe3o, n\\xe3o dizem respeito apenas ao trabalho de artistas de renome, lembra Cac\\xe1, integrante da Academia Brasileira de Letras. S\\xe3o d\\xe9cadas e d\\xe9cadas de produ\\xe7\\xe3o audiovisual, muitas vezes de an\\xf4nimos, a contar a hist\\xf3ria do pa\\xeds. O descaso vem de longe, mas o desejo de exterm\\xednio \\xe9 recente, diferencia Cac\\xe1: \\u201cN\\xe3o \\xe9 que o atual governo n\\xe3o se interesse pelo cinema. Ele \\xe9 contra o cinema, contra a cultura\\u201d. No fundo, \\u201co governo brasileiro n\\xe3o quer que o Brasil exista\\u201d. Na conversa com Renata Lo Prete, o diretor reflete sobre o significado retrospectivo de seu \\u201cBye Bye Brasil\\u201d. O filme, que no ano 1 da pandemia completou quatro d\\xe9cadas, aborda temas para l\\xe1 de atuais, como destrui\\xe7\\xe3o ambiental e aniquila\\xe7\\xe3o de povos ind\\xedgenas. A despeito das dificuldades, Cac\\xe1 continua a criar. E acredita que ningu\\xe9m conseguir\\xe1 matar o cinema brasileiro. Sem ele, \\u201cvoc\\xea corta a possibilidade de o pa\\xeds se organizar e ser alguma coisa".'