Comida cara, tensao social em alta

Published: March 22, 2021, 3:16 a.m.

b'A disparada dos pre\\xe7os dos alimentos \\xe9 fen\\xf4meno global, explicado, em boa medida, pelo estrago que a pandemia produziu nas cadeias de produ\\xe7\\xe3o. No passado, ciclos como o que vemos agora fomentaram dist\\xfarbios e disrup\\xe7\\xe3o, alerta o soci\\xf3logo Jos\\xe9 Eust\\xe1quio Diniz Alves, mestre em economia e doutor em demografia. Um dos convidados deste epis\\xf3dio, ele cita os exemplos da Primavera \\xc1rabe, no in\\xedcio da d\\xe9cada passada, e da Guerra da S\\xedria, que acaba de completar 10 anos. Se o quadro geral preocupa, que dir\\xe1 o do Brasil, diz Eust\\xe1quio, citando \\xe0s avessas o verso de Gilberto Gil: \\u201cO pior lugar do mundo \\xe9 aqui e agora\\u201d. Ele se refere ao fato de sermos o epicentro da crise sanit\\xe1ria, com vacina\\xe7\\xe3o ainda incipiente, aux\\xedlio emergencial interrompido e desemprego nas alturas. Para se aprofundar na situa\\xe7\\xe3o brasileira, Renata Lo Prete entrevista a jornalista Nathalia Tavoliere, do Profiss\\xe3o Rep\\xf3rter, que acompanhou de perto a luta de fam\\xedlias de S\\xe3o Paulo, Pernambuco e Para\\xedba para colocar comida na mesa. Muitas trabalham em lix\\xf5es. \\u201cMe impressionou ver as pessoas pegando alimentos estragados\\u201d, conta, e depois \\u201crezando pra n\\xe3o fazer mal\\u201d. Lembrando de outras reportagens que j\\xe1 fez sobre o tema, Nathalia relata uma mudan\\xe7a de comportamento: antes, era comum que as pessoas sentissem vergonha de admitir que estavam passando fome. Agora n\\xe3o mais. \\u201c\\xc9 o desespero\\u201d. Um cen\\xe1rio que Eust\\xe1quio descreve assim: \\u201cPrecisa s\\xf3 de uma centelha, estamos em um barril de p\\xf3lvora\\u201d.'