Brasileiros sem documento: os verdadeiros invisiveis

Published: Sept. 6, 2021, 3:21 a.m.

b'Segundo o \\xfaltimo dado oficial dispon\\xedvel, s\\xe3o cerca de 3 milh\\xf5es de pessoas que, como Maria Helena Ferreira da Silva, chegam \\xe0 vida adulta (e eventualmente \\xe0 idade avan\\xe7ada) sem certid\\xe3o de nascimento. No caso da agricultora de 70 anos, que vive no interior do Paran\\xe1, a car\\xeancia virou barreira na hora de se vacinar contra a Covid-19. No posto, recomendaram-lhe que se conformasse em ficar sem o imunizante, \\u201cporque o governo nem sabia que eu existia\\u201d. Ela s\\xf3 veio a receber a primeira dose meses depois, por a\\xe7\\xe3o da Defensoria P\\xfablica, e agora est\\xe1 perto de conseguir a t\\xe3o sonhada certid\\xe3o de nascimento. \\u201cA gente fica envergonhado, n\\xe9?\\u201d O relato feito por Maria Helena ao podcast introduz a conversa de Renata Lo Prete com Fernanda da Esc\\xf3ssia, autora do rec\\xe9m-lan\\xe7ado livro "Invis\\xedveis - Uma Etnografia sobre Brasileiros sem Documento", fruto da tese de doutorado da jornalista na Funda\\xe7\\xe3o Get\\xfalio Vargas. Ela explica o papel fundador desse registro e o efeito bola de neve que a aus\\xeancia dele provoca: vai ficando mais dif\\xedcil obter outros documentos e, com o passar dos anos, limita\\xe7\\xf5es muitos concretas se apresentam, notadamente no acesso aos servi\\xe7os p\\xfablicos de educa\\xe7\\xe3o e sa\\xfade. Editora na revista Piau\\xed, com longas passagens pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Fernanda se interessa h\\xe1 quase duas d\\xe9cadas por um fen\\xf4meno que descreve como \\u201ctransversal\\u201d, porque ligado a m\\xfaltiplos fatores, como mis\\xe9ria e desestrutura\\xe7\\xe3o familiar. Em sua pesquisa e nesta entrevista, ela conta hist\\xf3rias de pessoas que conheceu no momento em que buscavam o registro de nascimento e reencontrou tempos depois -- quando haviam resgatado direitos, cidadania e \\xe0s vezes o pr\\xf3prio "fio da vida".'