BR-319, nova fronteira da devastacao

Published: Aug. 4, 2022, 3:43 a.m.

b'Nem metade da rodovia concebida na ditadura militar para ligar os 885 km entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO) saiu do papel. E o que saiu est\\xe1 em p\\xe9ssimas condi\\xe7\\xf5es, oferecendo todo tipo de perigo aos motoristas. Apesar do custo bilion\\xe1rio, \\xe9 o \\xfanico projeto desse porte \\u201cque jamais teve estudo de viabilidade econ\\xf4mica\\u201d, observa o norte-americano Philip Fearnside, bi\\xf3logo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\\xf4nia. Abandonado por d\\xe9cadas devido a sua inviabilidade, ele recebeu apoio de Jair Bolsonaro desde o in\\xedcio do mandato, e agora o Ibama emitiu licen\\xe7a pr\\xe9via para a pavimenta\\xe7\\xe3o dos 400 km centrais do trajeto, que atravessam ou margeiam terras ind\\xedgenas e \\xe1reas de conserva\\xe7\\xe3o. Na conversa com Renata Lo Prete, Fearnside alerta para o efeito \\u201ccatastr\\xf3fico\\u201d que a obra ter\\xe1 sobre um dos \\xfaltimos grandes maci\\xe7os verdes da floresta. A simples perspectiva de sua realiza\\xe7\\xe3o fez disparar a grilagem de terras p\\xfablicas e o desmatamento no entorno, al\\xe9m de estimular o surgimento de estradas secund\\xe1rias ilegais, em processo conhecido como \\u201cespinha de peixe\\u201d. O pesquisador, integrante do time que recebeu o Nobel da Paz por estudos feitos com o Painel sobre Mudan\\xe7as Clim\\xe1ticas da ONU, lembra ainda que est\\xe1 \\u201ctudo conectado\\u201d, ou seja, as consequ\\xeancias s\\xe3o para o Brasil inteiro e para o mundo.'