Assedio: servidores na era Bolsonaro

Published: June 23, 2022, 4:02 a.m.

b'Muito antes de sofrer a emboscada na qual seria assassinado no Vale do Javari, o indigenista Bruno Pereira denunciava as amea\\xe7as que ele e colegas de servi\\xe7o p\\xfablico sofriam da \\u201cm\\xe1quina pesada\\u201d instaurada pelo atual governo, que descreveu como \\u201cautorit\\xe1rio\\u201d em sua \\xfaltima entrevista, \\xe0 Folha de S. Paulo, detalhando de que maneiras o presidente da Funai o pressionava. N\\xe3o era um caso isolado. A pesquisadora Michelle Morais de S\\xe1 e Silva reuniu dezenas de relatos de funcion\\xe1rios que, sob condi\\xe7\\xe3o de anonimato, expuseram o clima de \\u201cmedo coletivo\\u201d predominante nas mais diversas \\xe1reas da administra\\xe7\\xe3o federal. Em conversa com Renata Lo Prete, a professora da Universidade de Oklahoma (EUA) explica, em primeiro lugar, o \\u201cembaralhamento\\u201d imposto: parcela expressiva dos servidores foi transferida de seus \\xf3rg\\xe3os de origem sem l\\xf3gica nem consentimento, comprometendo a efici\\xeancia do servi\\xe7o prestado e, em v\\xe1rios casos, a sa\\xfade f\\xedsica e mental dos atingidos. Participa tamb\\xe9m do epis\\xf3dio o soci\\xf3logo Frederico Barbosa, pesquisador do Ipea e um dos organizadores do livro \\u201cAss\\xe9dio Institucional no Brasil: Avan\\xe7o do Autoritarismo e Desconstru\\xe7\\xe3o do Estado\\u201d. Ele explica que, de 2019 para c\\xe1, houve \\u201cmudan\\xe7a de m\\xe9todo\\u201d: a atitude oficial agora, al\\xe9m de mais agressiva para com os indiv\\xedduos, visa tamb\\xe9m desqualificar os \\xf3rg\\xe3os p\\xfablicos. As pessoas \\u201cadoecem\\u201d, enquanto as institui\\xe7\\xf5es \\u201cperdem seu pr\\xf3prio sentido\\u201d.'