A vida de Ana no covidario em Manaus

Published: Feb. 1, 2021, 3:16 a.m.

b'Na faculdade, Ana Galdina se encantou com a infectologia por ser a especialidade que permite olhar simultaneamente para \\u201co doente, a doen\\xe7a e sua inser\\xe7\\xe3o no ambiente\\u201d. Estudou as pandemias do passado, mas jamais imaginou as cenas que h\\xe1 11 meses fazem parte de seu cotidiano na ala de pacientes graves de Covid-19 no Hospital 28 de Agosto, maior porta de entrada para atendimento na devastada capital do Amazonas. \\u201cNo come\\xe7o, era o medo do desconhecido\\u201d, recorda, referindo-se ao sentimento dela e de colegas diante dos sintomas e da evolu\\xe7\\xe3o dos primeiros casos. \\u201cHoje, nosso medo \\xe9 da desassist\\xeancia\\u201d. No relato de Ana Galdina, 42, a Renata Lo Prete se misturam ang\\xfastia, frustra\\xe7\\xe3o e resili\\xeancia. Em sua voz, a press\\xe3o sem tr\\xe9gua a que est\\xe3o submetidos os profissionais da linha de frente. Na sucess\\xe3o intermin\\xe1vel de plant\\xf5es, a lembran\\xe7a de muitas datas se perdeu, mas de duas ela n\\xe3o esquece: 15 de abril de 2020, quando 21 pessoas morreram em seu turno, e 14 de janeiro de 2021, o dia em que o oxig\\xeanio acabou nas UTIs de Manaus. \\u201cA gente j\\xe1 teve que escolher, sim, quem receberia. E ainda tem que escolher\\u201d, diz. Casada, m\\xe3e de dois filhos, ela conta que, em face de tanto sofrimento, nem voltar para eles \\xe9 simples. \\u201cEu tenho minha rotina: chego em casa e vou tomar banho. L\\xe1 eu choro, choro e choro. Preciso dessa passagem para poder estar com minha fam\\xedlia\\u201d.'