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b'Ator que estreia na direção com o polêmico "Marighella" fala sobre política, corpo, família e amizade\\n \\n Wagner Moura coleciona trabalhos de impacto na mesma medida em que angaria haters. Sempre muito claro em suas posi\\xe7\\xf5es contra o governo de Jair Bolsonaro, o ator nunca deixou de olhar e criticar o Brasil. Sua estreia como diretor com o longa-metragem "Marighella" \\xe9, segundo ele, mais uma prova disso. "\\xc9 uma obra profundamente brasileira\\u201d, afirma. Obra essa que poderia ter estreado em 2019, mas encontrou uma s\\xe9rie de barreiras burocr\\xe1ticas, processo que o ator n\\xe3o teme em classificar como censura.\\n[VIDEO=https://www.youtube.com/embed/giYDrfCPGVk; CREDITS=; LEGEND=; IMAGE=https://img.youtube.com/vi/giYDrfCPGVk/sddefault.jpg]\\nDois anos ap\\xf3s ser aplaudido no festival de Berlim, o filme tem finalmente data para chegar aos cinemas, em 4 de novembro. Com isso, Wagner pousa, pelo menos por um tempo, no pa\\xeds em que \\xe9 recebido ao mesmo tempo com amor e \\xf3dio. Durante os \\xfaltimos anos, ele precisou morar com a fam\\xedlia na Col\\xf4mbia por conta das grava\\xe7\\xf5es de "Narcos" e mais tarde em Los Angeles, per\\xedodo em que fez, entre outras produ\\xe7\\xf5es, "Sergio", em cartaz na Netflix.\\nApesar de comemorar a autonomia conquistada pelos tr\\xeas filhos durante esse hiato fora, o ator n\\xe3o se v\\xea como um int\\xe9rprete de tra\\xe7os internacionais. "Embora eu realmente more onde estou trabalhando, de fato sou muito conectado com a minha origem, sobretudo com a Bahia. Eu sou um ator especial para os EUA justamente porque vim de Salvador. O meu ax\\xe9 est\\xe1 a\\xed", diz.\\nEm entrevista para o Trip FM, Wagner Moura fala ainda de emagrecimento, da educa\\xe7\\xe3o dos filhos, dos amigos L\\xe1zaro Ramos e Vladimir Brichta, de jiu-jitsu e mais. Ou\\xe7a o programa no Spotify, no play nesta reportagem ou leia um trecho da entrevista a seguir.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2021/10/617b327b55940/wagner-moura-marighella-ator-diretor-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Reprodu\\xe7\\xe3o; LEGEND=Seu Jorge, protagonista do longa Marighella, ao lado de Wagner Moura, em sua estreia na dire\\xe7\\xe3o; ALT_TEXT=Seu Jorge e Wagner Moura]\\nLEIA TAMB\\xc9M: Quais os caminhos para vencer a intoler\\xe2ncia?\\nTrip. Voc\\xea me contou que mora onde estiver trabalhando. Isso deve ser muito legal, mas \\xe9 tamb\\xe9m muito dif\\xedcil para criar ra\\xedzes. Ao mesmo tempo, a cidade de Rodelas, onde voc\\xea cresceu, no sert\\xe3o da Bahia, desapareceu com a represa de Itaparica. Me fala sobre a sua rela\\xe7\\xe3o com a casa, com a cidade?\\nWagner Moura. Embora eu realmente more onde estou trabalhando e a experi\\xeancia de ter passado esse tempo na Col\\xf4mbia e em Los Angeles tenham sido muito boas, porque meus filhos ganharam muita autonomia, eu de fato sou muito conectado com a minha origem, sobretudo com a Bahia. Eu sou um ator especial para os EUA justamente porque vim de Salvador. O meu ax\\xe9 est\\xe1 a\\xed. "Marighella" \\xe9 um filme que sintetiza muito a minha rela\\xe7\\xe3o art\\xedstica com o cinema e com o pa\\xeds; \\xe9 um filme profundamente brasileiro. Onde quer que eu esteja, estou absolutamente conectado com o que est\\xe1 acontecendo com Brasil, o que gera sentimentos d\\xedspares: quando Marielle [Franco] morreu, por exemplo, eu sofri muito por n\\xe3o estar no Rio de Janeiro para quebrar alguma coisa. Eu tenho uma tatuagem de uma \\xe1rvore no bra\\xe7o que \\xe9 uma \\xe1rvore de Rodelas. Uma imagem muito forte: antes da represa, ela foi arrancada com raiz e tudo e replantada em Nova Rodelas, onde vivi um tempo tamb\\xe9m.\\nVoc\\xea \\xe9 um dos artistas que mais tem se posicionado contra esse governo. Como \\xe9 esse lado de ser uma voz ativa em um momento do pa\\xeds em que a gente retrocedeu demais?\\xa0Se a elei\\xe7\\xe3o de Bolsonaro \\xe9 tr\\xe1gica, \\xe9 tamb\\xe9m pedag\\xf3gica. Ele n\\xe3o \\xe9 um alien\\xedgena, mas um personagem profundamente conectado com o que h\\xe1 de pior na hist\\xf3ria do Brasil. Nossa hist\\xf3ria \\xe9 mis\\xf3gina, elitista, golpista, racista e violenta. Depois do fim da ditadura, os governos que vieram nos deram uma certa seguran\\xe7a democr\\xe1tica que nos fez camuflar esse esgoto subterr\\xe2neo do qual Bolsonaro emerge. O fato de ele ter sido eleito \\xe9 muito pedag\\xf3gico para que enfrentemos esse Brasil de frente. Se algo de terr\\xedvel n\\xe3o acontecer, ele vai ser derrotado nas elei\\xe7\\xf5es. Esses atos de viol\\xeancia \\xe0 cultura, ao meio-ambiente, ao STF, v\\xe3o passar.\\nLEIA TAMB\\xc9M: Como a ditadura agravou a LGBTfobia\\nSobre o cuidado do corpo, especificamente com a alimenta\\xe7\\xe3o, me conte o que voc\\xea tem feito. N\\xe3o sei se \\xe9 a imagem do Pablo Escobar que ficou na minha cabe\\xe7a, mas voc\\xea parece mais magro.\\xa0Eu me estraguei para fazer "Narcos", precisei engordar. Nunca cuidei muito da minha sa\\xfade, mas quando eu fiz o Escobar foi terr\\xedvel porque fui comendo porcaria sem orienta\\xe7\\xe3o alimentar nenhuma. Me prejudicou: tive um descolamento de retina, meus exames ficaram alterados. Depois disso precisei tomar uma atitude radical para reverter aquela situa\\xe7\\xe3o. Fiquei um tempo muito grande sendo vegano, o que foi muito bom, mas n\\xe3o consegui sustentar. Hoje como peixe e ovo tamb\\xe9m.'