Sarah Oliveira e Roberta Martinelli: Musica da audiencia sim

Published: Sept. 3, 2021, 11 p.m.

b'As apresentadoras do podcast "Nós" falam sobre as canções que contam histórias, o machismo no jornalismo e o espaço da música na mídia\\n \\n \\xc0 primeira vista, Sarah Oliveira e Roberta Martinelli dificilmente ocupariam o mesmo espa\\xe7o: al\\xe9m de concorrentes \\u2013 ambas s\\xe3o apresentadoras especializadas em m\\xfasica \\u2013 as amigas s\\xe3o muito diferentes. Sarah, apesar da voz acelerada, \\xe9 um tiquinho esot\\xe9rica e relaxada, enquanto Roberta, que tem a fala mais calma, \\xe9 preocupada e bastante ansiosa. Fato \\xe9 que ambas, em suas diferen\\xe7as, encontraram uma maneira de viver e trabalhar juntas, tendo lan\\xe7ado em maio deste ano o podcast N\\xf3s, uma produ\\xe7\\xe3o original Spotify sobre relacionamentos, n\\xe3o importa se entre marido e mulher, pai e m\\xe3e, filho, irm\\xe3 ou professor.\\nNo programa, cada uma entrevista um lado de uma hist\\xf3ria e, ao final, oferecem uma reflex\\xe3o sobre o caso. J\\xe1 est\\xe1 no ar, por exemplo, a narrativa de um casal de ex-evang\\xe9licos que deixou tabus para tr\\xe1s e fundou um dos maiores clubes de swing do Brasil. Para cada epis\\xf3dio h\\xe1 tamb\\xe9m, como n\\xe3o poderia deixar de ser, uma playlist.\\nRoberta, uma profunda pesquisadora da m\\xfasica nacional, apresentadora e curadora dos programas Cultura Livre, na TV Cultura, e Som a Pino, na R\\xe1dio Eldorado, geralmente se encarrega de adicionar as can\\xe7\\xf5es brasileiras. "A\\xed a Sarah vem e coloca um grunge no meio", ri. Para quem n\\xe3o sabe, apesar de ser muito lembrada pelo pop Disk MTV e por entrevistas que fez com artistas com Britney Spears, Sarah sempre se definiu como roqueira.\\nNo papo com o Trip FM, as radialistas contam os bastidores do podcast, falam do machismo no jornalismo musical e discutem se ainda h\\xe1 espa\\xe7o de destaque para a m\\xfasica na m\\xeddia. Ou\\xe7a o programa no Spotify, no play nesta reportagem ou leia um trecho da entrevista a seguir.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2021/09/61311fdcc4779/sarah-oliveira-roberta-martnelli-apresentadoras-jornalistas-trip-mh.jpg; CREDITS=Ali Karakas / Andr\\xe9 Ligeiro / Editora Trip; LEGEND=Sarah Oliveira e Roberta Martinelli; ALT_TEXT=Sarah Oliveira e Roberta Martinelli]\\nTrip. Parece que as portas abriram cedo para voc\\xeas e houve a possibilidade de ganhar um espa\\xe7o. Eu quero saber se isso \\xe9 verdadeiro ou se voc\\xeas tamb\\xe9m viveram barreiras importantes.\\nSarah Oliveira. Eu tive a sorte de come\\xe7ar em um lugar muito aberto, que era a MTV, com muitas diretoras mulheres como refer\\xeancia. Comecei com vinte anos e na marra precisava colocar um programa no ar, ao vivo. A emissora tinha essa caracter\\xedstica de colocar a gente na fogueira. Mas eu era muito nova, n\\xe3o conseguia sacar muita coisa. Sempre fui muito respeitada pelos VJs. Pode ser que seja ingenuidade da minha parte, mas \\xe9 minha mem\\xf3ria afetiva. A MTV me desafiou a n\\xe3o ser uma leitora de TP. Depois disso fui sentir realidades diferentes. O r\\xe1dio, por exemplo, \\xe9 um ambiente extremamente masculino em que eu precisei me defender muito.\\nRoberta Martinelli. Eu comecei criando o Cultura Livre. N\\xe3o sabia o que era televis\\xe3o e, por n\\xe3o saber do jogo real, fui muito briguenta e firme para manter o programa que acreditava. O Cultura Livre servia para mostrar uma m\\xfasica brasileira que estava acontecendo e n\\xe3o era tocada em muitos lugares. Sempre tentaram tirar a curadoria de mim e dar para um cara qualquer, que fosse conhecido. L\\xe1 ia eu conversar com a diretoria. Eu fui fazendo coisas que, hoje conhecendo como \\xe9 a televis\\xe3o, fico impressionada. Mas por isso eu acho que o Cultura Livre virou um lugar importante; briguei muito para isso. Mesmo como jornalista musical, quando eu ia a festivais a van era cheia de homens que ficavam me testando o tempo inteiro. Com o tempo essa van foi enchendo de mulheres.\\nA m\\xfasica est\\xe1 ca\\xedda na m\\xeddia? Est\\xe1 perdendo espa\\xe7o?\\nRoberta. Eu escuto que m\\xfasica n\\xe3o d\\xe1 audi\\xeancia desde que comecei. O Cultura Livre j\\xe1 est\\xe1 h\\xe1 dez anos no ar. Eu acho que depende do tipo de audi\\xeancia que estamos falando. Obviamente seria insano comparar com o Big Brother ou com novela, por exemplo. Dentro da cultura brasileira, d\\xe1 muita audi\\xeancia, sim. O Som a Pino, por exemplo, aumentou muito os \\xedndices. O que n\\xe3o d\\xe1 audi\\xeancia \\xe9 tocar as mesmas coisas achando que existe um padr\\xe3o a se seguir. Se voc\\xea toca as m\\xfasicas que todo mundo sabe cantar e mistura com outras que as pessoas n\\xe3o conhecem, claro que vai dar mais audi\\xeancia.\\nSarah. J\\xe1 na MTV a gente ouvia que m\\xfasica n\\xe3o dava audi\\xeancia. Eu tenho um programa na Eldorado que \\xe9 o Minha Can\\xe7\\xe3o, com as m\\xfasicas que fizeram hist\\xf3ria. Quando a m\\xfasica leva para um lugar de afeto ela tem um grande poder de ficar com voc\\xea para sempre. Quando a m\\xfasica conta uma hist\\xf3ria, ela vai dar audi\\xeancia.\\xa0\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2021/09/61312052d8a82/sarah-oliveira-roberta-martnelli-apresentadoras-jornalistas-trip-mq.jpg; CREDITS= Nadja Koucki; LEGEND=Sarah Oliveira e Roberta Martinelli; ALT_TEXT=Sarah Oliveira e Roberta Martinelli]'