Rene Silva: mobilizacao e comunicacao na favela

Published: July 24, 2020, 11 p.m.

b'O criador do Voz das Comunidades, jornal que mantém correspondentes em nove favelas cariocas, fala sobre os desafios impostos pela pandemia\\n \\n Aos 26 anos, Rene Silva \\xe9 um dos jovens comunicadores mais originais do Brasil. Ele cresceu no Morro do Adeus, uma das favelas que integram o Complexo do Alem\\xe3o, no Rio de Janeiro. Com 11 anos de idade, criou um jornal comunit\\xe1rio com a ajuda do professor e assim come\\xe7ava o Voz das Comunidades, que, em 2010, ganhou aten\\xe7\\xe3o internacional depois de fazer uma cobertura em tempo real da interven\\xe7\\xe3o militar no Complexo do Alem\\xe3o.\\xa0Enquanto os profissionais da imprensa n\\xe3o conseguiam acessar o conflito, Rene, na \\xe9poca com 17 anos, relatava atrav\\xe9s das redes sociais o que estava vivenciando em sua comunidade.\\xa0\\nOU\\xc7A TAMB\\xc9M: Jonathan Azevedo fala sobre desigualdade, racismo e paternidade\\nHoje, com 15 anos de exist\\xeancia, o Voz das Comunidades mant\\xe9m correspondentes em nove favelas cariocas, um jornal impresso, um portal e um aplicativo pr\\xf3prio. Em meio \\xe0 situa\\xe7\\xe3o emergencial que foi desencadeada pela pandemia de coronav\\xedrus, o Voz das Comunidades tamb\\xe9m mobilizou um gabinete de crise junto de outros agentes comunit\\xe1rios e tem atuado para receber doa\\xe7\\xf5es que possibilitam que alimentos e produtos de higiene cheguem \\xe0s pessoas que perderam sua fonte de renda.\\nEm entrevista ao Trip FM, Rene Silva fala sobre o impacto da pandemia nas favelas, comunica\\xe7\\xe3o e racismo. "Se a gente tivesse uma repercuss\\xe3o parecida ou igual a do George Floyd, nos Estados Unidos, conseguiria demonstrar a nossa for\\xe7a, o que estamos fazendo", diz. "Somos um pa\\xeds que ignora as mortes de crian\\xe7as e jovens negros, que morrem por conta da viol\\xeancia policial brutal".\\nConfira o papo no play abaixo ou no Spotify do Trip FM.\\n[AUDIO=https://p.audio.uol.com.br/trip/2020/7/TRIPFM_Rene_Silva_Podcast_baixa.mp3; IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5f19e1f9cd6cf/rene-silva-tripfm-mh2.jpg]\\nTrip. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal proibiu as a\\xe7\\xf5es da pol\\xedcia nas comunidades do Rio de Janeiro.\\xa0Como est\\xe1 a situa\\xe7\\xe3o vista por dentro, para voc\\xea que vive o dia a dia das comunidades?\\nRene Silva.\\xa0Primeiro, eu fiquei muito impressionado com a decis\\xe3o e por ter sido citado. O ministro Edson Fachin usa um tweet meu sobre as opera\\xe7\\xf5es policiais que estavam acontecendo durante a pandemia. Ele acabou justificando que ativistas como Rene Silva, Raull Santiago e Buba Aguiar t\\xeam se manifestado atrav\\xe9s das redes sociais sendo contra as opera\\xe7\\xf5es policiais. Eles come\\xe7am a observar que as nossas a\\xe7\\xf5es de combater a fome durante esse momento de pandemia estavam come\\xe7ando a ser em v\\xe3o, porque as opera\\xe7\\xf5es policiais estavam acontecendo dentro das favelas e muitos jovens come\\xe7aram a ser mortos, como foi o caso do Jo\\xe3o Pedro, em Niter\\xf3i, no Morro Santa Marta, na Cidade de Deus. Neste \\xfaltimo caso, durante uma das entregas de cestas b\\xe1sicas organizada pela frente na CDD. Passamos por v\\xe1rios momentos desde o in\\xedcio da pandemia que fizeram com que o ministro tomasse essa decis\\xe3o. Talvez a gente hoje estivesse num cen\\xe1rio muito pior. A gente acaba sofrendo os efeitos colaterais muito antes, n\\xe9? Por exemplo, a fome chegou na favela antes do v\\xedrus come\\xe7ar a circular no Alem\\xe3o. Pediram para todo mundo ficar em casa, de quarentena, se cuidando, mas muitos ficaram sem renda. A gente come\\xe7ou a se mobilizar pra tentar, de alguma forma, contribuir. Essa decis\\xe3o do ministro Fachin \\xe9 realmente muito pol\\xeamica, mas acho que \\xe9 de extrema import\\xe2ncia, principalmente pelo que a gente est\\xe1 tentando fazer, j\\xe1 que o Estado, todas as esferas do poder p\\xfablico, n\\xe3o entram com sua capacidade maior de combater a fome e o v\\xedrus dentro das favelas. Cabe a n\\xf3s fazer doa\\xe7\\xf5es de \\xe1lcool em gel, sabonete l\\xedquido e at\\xe9 material de prote\\xe7\\xe3o, os EPIs, para as UPAs e hospitais.\\nPor ter nascido em uma comunidade e por ser um profissional de comunica\\xe7\\xe3o, o que voc\\xea pensa sobre a pol\\xedcia, especialmente a do Rio de Janeiro? Tem solu\\xe7\\xe3o? O que pode melhorar?\\xa0Quando come\\xe7aram a falar das UPPs, das pol\\xedcias comunit\\xe1ria e pacificadora, as pessoas come\\xe7aram a ter um pouco de esperan\\xe7a de que haveria a mudan\\xe7a dentro da Pol\\xedcia Militar. O que a gente tem vivido dentro das favelas \\xe9 muito ca\\xf3tico. Todas as favelas que t\\xeam UPP t\\xeam baile funk e muitos acontecem com a pr\\xf3pria autoriza\\xe7\\xe3o da UPP, que deixa passar porque vai receber arrego. Ent\\xe3o, a corrup\\xe7\\xe3o dentro da pol\\xedcia ainda \\xe9 muito grande. Parece que a gente n\\xe3o tem liberdade de chegar e voltar a hora que quiser. Se voc\\xea chega a qualquer hora em casa, voc\\xea \\xe9 taxado de vagabundo ou qualquer outra coisa. Eu n\\xe3o tenho muita esperan\\xe7a de que da pol\\xedcia vir\\xe1 alguma mudan\\xe7a. Atrav\\xe9s da UPP, a gente pode provar isso.\\nVoc\\xea teve que fazer uma transi\\xe7\\xe3o importante do impresso para o digital e criou at\\xe9 um aplicativo pr\\xf3prio. Como voc\\xea faz a gest\\xe3o do seu grupo de comunica\\xe7\\xe3o?\\xa0Essa migra\\xe7\\xe3o se deu principalmente pelo fato de as pessoas das favelas come\\xe7arem a ter muito mais acesso \\xe0 tecnologia, ao smartphone. Come\\xe7amos a investir muito mais no on-line e tamb\\xe9m na produ\\xe7\\xe3o de audiovisual e outros materiais. O jornal impresso continua porque a gente sabe que tem um p\\xfablico que mora na favela que n\\xe3o tem acesso \\xe0 internet. O aplicativo tem tr\\xeas meses e foi feito em parceria com o Consulado dos Estados Unidos, que entrou em contato com a gente. A proposta era fazer um projeto para combater as fake news, que a gente j\\xe1 tinha em mente, mas n\\xe3o tinha dinheiro para colocar em pr\\xe1tica. Esse \\xe9 nosso grande desafio, de combater a desinforma\\xe7\\xe3o. \\xc9 um aplicativo muito completo, a gente tem uma se\\xe7\\xe3o de entradas ao vivo, as reportagens, uma \\xe1rea onde as pessoas podem contribuir para checar informa\\xe7\\xf5es, dizer se s\\xe3o verdadeiras ou n\\xe3o.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5f19e1bddd094/rene-silva-tripfm-mh3.jpg; CREDITS=Reprodu\\xe7\\xe3o; LEGEND=Rene Silva]\\nVoc\\xeas ganham dinheiro com publicidade com o jornal?\\xa0Desde o in\\xedcio do Voz das Comunidades, a gente t\\xeam uma receita publicit\\xe1ria, de comerciantes locais e, com o passar do tempo, come\\xe7amos a ter grandes corpora\\xe7\\xf5es e grandes empresas anunciando com a gente. J\\xe1 tivemos a TIM, Nextel, Coca-Cola, Sebrae. Os comerciantes locais continuam sendo uma prioridade porque a gente v\\xea que a \\xe1rea de classificados, de an\\xfancios, \\xe9 uma se\\xe7\\xe3o important\\xedssima para o morador de favela. \\xc9 legal ver a Coca-Cola anunciando ali, mas o cara que vende g\\xe1s \\xe9 mais interessante, mais \\xfatil. Quando as grandes empresas anunciam, a gente v\\xea a expans\\xe3o do jornal, a amplia\\xe7\\xe3o da qualidade, a gente pode ter mais pessoas na equipe. Ent\\xe3o a gente enxerga como um progresso tamb\\xe9m.\\nAs empresas foram extremamente afetadas pela chamada crise da Covid-19. Voc\\xeas, no jornal, sofreram perdas de receita, tiveram que demitir gente ou est\\xe3o conseguindo manter a mesma pegada? Pelo contr\\xe1rio. A gente dobrou a nossa equipe porque surgiu uma demanda muito maior das favelas de acesso \\xe0 informa\\xe7\\xe3o, de doa\\xe7\\xf5es. E a gente viu tanto o n\\xfamero de empresas quanto de pessoas f\\xedsicas que nos apoiam aumentando muito. Muitos jornalistas da grande m\\xeddia s\\xe3o doadores, por exemplo a S\\xf4nia Bridi e o Pedro Bial. Essas pessoas acabaram doando ainda mais para fortalecer o jornalismo local e comunit\\xe1rio. Temos um apoio anual do Twitter Brasil, eles fazem uma doa\\xe7\\xe3o em d\\xf3lar todo ano. Com essa doa\\xe7\\xe3o, a gente consegue investir n\\xe3o s\\xf3 na parte on-line, nas m\\xeddias digitais, mas tamb\\xe9m off-line, no jornal impresso, com as despesas de aluguel. Temos conex\\xe3o com algumas empresas e empres\\xe1rios que nos fortalecem. Depois da revista da Gol, por exemplo, muitas outras pessoas se conectaram com a gente.\\nOU\\xc7A TAMB\\xc9M: A favela sempre esteve isolada socialmente, diz\\xa0Celso Athayde\\nO jornalismo de televis\\xe3o hoje est\\xe1 olhando para a favela de um jeito menos manique\\xedsta?\\xa0A grande m\\xeddia tem uma responsabilidade e uma irresponsabilidade quando fala sobre a favela. Para a grande m\\xeddia, sempre todo mundo \\xe9 bandido, traficante, vendedor de droga. Essa narrativa, dos anos 90 e 2000, ainda \\xe9 presente hoje, em 2020. Quando a gente olha para uma reportagem falando sobre tr\\xe1fico de drogas na favela, a grande m\\xeddia imediatamente coloca como bandido. E quando se fala de uma pessoa que trafica drogas na Zona Sul, \\xe9 um entregador, um delivery, um estudante que disse que vende drogas e transporta. H\\xe1 um preconceito e um racismo muito grande quando se fala de pobre, preto e favelado. Alguns jornalistas estrangeiros, por exemplo, entram em contato com a gente e falam: "Voc\\xeas t\\xeam milh\\xf5es de pautas incr\\xedveis sobre a favela, por que a grande m\\xeddia n\\xe3o est\\xe1 falando sobre isso?". \\xc9 preciso um jornalista de fora do Brasil, como do New York Times, Washington Post, The Guardian, fale sobre a nossa realidade. N\\xe3o s\\xf3 sobre os problemas que a gente vive, mas tamb\\xe9m sobre o que tem de positivo acontecendo. A\\xed \\xe9 necess\\xe1rio ampliar as participa\\xe7\\xf5es de m\\xeddias comunit\\xe1rias, como o Voz das Comunidades, no Complexo do Alem\\xe3o, o NORDESTEeuSOU, em Salvador, o Vozes das Periferia, em S\\xe3o Paulo, o Di\\xe1rio de Ceil\\xe2ndia, em Bras\\xedlia, a CDD Acontece, no Rio de Janeiro.\\nQuem s\\xe3o as grandes refer\\xeancias de pessoas negras, do universo da favela, que est\\xe3o fazendo um trabalho libertador no Brasil?\\xa0Uma das principais refer\\xeancias \\xe9 o Celso Athayde. A hist\\xf3ria de vida dele, com a Cufa, de como ele cria l\\xedderes, \\xe9 muito importante para o fortalecimento institucional das ONGs e das lideran\\xe7as negras. Vai na Cufa e olha quantos l\\xedderes negros t\\xeam no Brasil inteiro, que poderiam estar liderando empresas e projetos. O Edu Lyra, por exemplo, tamb\\xe9m \\xe9 um cara incr\\xedvel que eu admiro e conhe\\xe7o h\\xe1 muito tempo, que faz o Gerando Falc\\xf5es.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5f19e17d653b9/rene-silva-tripfm-mq2.jpg; CREDITS=Pedro Dimitrow/Revista GOL; LEGEND=Rene Silva]\\nSei que voc\\xea est\\xe1 empreendendo em outras \\xe1reas, n\\xe3o s\\xf3 na cobertura jornal\\xedstica, na comunica\\xe7\\xe3o. Me conta um pouquinho sobre esses outros neg\\xf3cios que voc\\xea est\\xe1 pilotando.\\xa0Tem uma hamburgueria que comecei h\\xe1 quase um ano aqui no Complexo do Alem\\xe3o, junto com meu tio. Meu foco maior sempre vai ser o Voz das Comunidades, a comunica\\xe7\\xe3o. A minha vis\\xe3o empreendedora \\xe9 de que a gente possa gerar transforma\\xe7\\xe3o social dentro do lugar, girando a economia, os neg\\xf3cios, isso \\xe9 super v\\xe1lido dentro de um mundo capitalista onde n\\xf3s vivemos. Eu acabei me dedicando um pouco a outras atividades e isso acaba sendo uma terapia. Falar de hamb\\xfarguer \\xe9 muito diferente de falar de problemas sociais da favela, de viol\\xeancia policial, falta d\'\\xe1gua, falta de saneamento b\\xe1sico.\\nNo m\\xeas passado, houve o caso do norte-americano George Floyd, que foi assassinado por um policial. Voc\\xea mencionou uma menina de 14 anos que foi atingida em casa, em S\\xe3o Gon\\xe7alo, com n\\xe3o sei quantos tiros e a repercuss\\xe3o foi infinitamente menor. Qual a sua an\\xe1lise em rela\\xe7\\xe3o a isso?\\xa0Acho que esses protestos que aconteceram nos Estados Unidos mostram o quanto a m\\xeddia e a sociedade como um todo est\\xe1 bastante consciente em rela\\xe7\\xe3o aos crimes de racismo. No Brasil, n\\xe3o temos uma grande m\\xeddia que fale e que d\\xea destaque para o que est\\xe1 acontecendo. Acho que se a gente tivesse uma repercuss\\xe3o parecida ou igual a que do George Floyd, nos Estados Unidos, a gente conseguiria demonstrar a nossa for\\xe7a, o que a gente est\\xe1 fazendo. Somos um pa\\xeds que ignora as mortes de crian\\xe7as e jovens negros, que morrem por conta da viol\\xeancia policial brutal.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5f19e232eb712/rene-silva-tripfm-mq3.jpg; CREDITS=Reprodu\\xe7\\xe3o; LEGEND=Rene Silva]\\nNo passado, a \\xfanica refer\\xeancia de ascens\\xe3o social que existia para o moleque na favela era o traficante. Quais s\\xe3o as novas refer\\xeancias para um garoto que est\\xe1 meio perdido numa favela do Brasil?\\xa0Olha, acho que tem v\\xe1rias outras refer\\xeancias. No Complexo do Alem\\xe3o, por exemplo, tem o Lucas Lima, que \\xe9 um menino engenheiro, fez uma faculdade com bolsa e ficou conhecido nacionalmente por inventar uma impressora 3D que imprime pr\\xf3teses para quem n\\xe3o tem algum membro no corpo. Essas refer\\xeancias ainda n\\xe3o t\\xeam a visibilidade e o reconhecimento necess\\xe1rios. Eu posso ser um exemplo disso. As pessoas me conhecem e reconhecem na favela principalmente pelo que tem de repercuss\\xe3o na grande m\\xeddia, o que sai no jornal. Isso acaba repercutindo positivamente e muitos jovens me veem como refer\\xeancia.\\nAl\\xe9m de produzir, empreender, ter hamburgueria, ter jornal, como \\xe9 que voc\\xea desliga? Como voc\\xea curte a vida no Complexo do Alem\\xe3o, por exemplo?\\xa0Eu me encontro sempre com os jovens aqui da favela, com os meus amigos. Muita gente que faz parte do Voz das Comunidades estudou comigo, isso \\xe9 muito curioso. Antes da pandemia, eu sempre sa\\xeda no final de semana para encontrar com os amigos, ficar nas pra\\xe7as, ir ao cinema, sempre procurei ter uma vida fora do hor\\xe1rio de trabalho, uma vida normal.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5f19e24d6fdbb/rene-silva-tripfm-mq.jpg; CREDITS=Pedro Dimitrow/Revista GOL; LEGEND=Rene Silva]\\nO chamado racismo estrutural ainda \\xe9 muito forte no Brasil. Mas tamb\\xe9m vemos um fortalecimento das vozes contra o racismo nos \\xfaltimos meses, nas manifesta\\xe7\\xf5es. Mudou alguma coisa com esse debate mais quente no Brasil ou o jovem negro e morador de comunidade continua sendo abordado de forma est\\xfapida e violenta pela pol\\xedcia? Acho que continua exatamente a mesma coisa. Infelizmente, muitos jovens negros acabam sendo revistados de forma arbitr\\xe1ria, racista e preconceituosa. Se voc\\xea \\xe9 jovem, preto e favelado e est\\xe1 no asfalto, nas \\xe1reas nobres, sofre muito mais.\\nComo um garoto de 26 anos, com essa trajet\\xf3ria, voc\\xea tem esperan\\xe7a de que esse pa\\xeds evolua?\\xa0Tenho muita esperan\\xe7a no Brasil, em todas as regi\\xf5es, norte, nordeste e centro-oeste. Temos um pa\\xeds muito plural, colorido, com uma musicalidade muito diferente. Ent\\xe3o, isso me enche de esperan\\xe7a e expectativa de um pa\\xeds melhor, mais solid\\xe1rio, longe de preconceitos, onde a gente possa ter mais liberdade. Acredito na juventude. Acredito que a gente vai fazer um barulho na hist\\xf3ria, uma revolu\\xe7\\xe3o muito grande atrav\\xe9s de v\\xe1rias \\xe1reas, como educa\\xe7\\xe3o, esporte, sa\\xfade, educa\\xe7\\xe3o, acho que est\\xe1 caminhando para isso. Mesmo com essa pandemia que a gente est\\xe1 vivendo, eu tenho uma esperan\\xe7a muito grande de que outras pessoas ao redor do mundo est\\xe3o nos vendo e v\\xe3o contribuir para uma mudan\\xe7a social no nosso pa\\xeds.'