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b'Criador da drag Ikaro Kadoshi, Tiago Liberato fala sobre o preconceito que sofreu desde a infância, masculinidade, amor e dor\\n \\n Quem escuta o paulista Tiago Liberato falar com toda a do\\xe7ura que traz na voz e nas palavras n\\xe3o pode imaginar tudo o que ele passou desde que assumiu a homossexualidade aos 13 anos \\u2013 com resqu\\xedcios de crueldade medieval, como define sua inf\\xe2ncia. Hoje, por meio da drag queen Ikaro Kadoshi, que criou no fim dos anos 1990, o artista apresenta no Prime Video o programa \\u201cCaravana das Drags\\u201d, ao lado de Xuxa Meneghel, e quer ser a inspira\\xe7\\xe3o que lhe faltou. \\u201cEstou rompendo um ciclo, devolvendo ao mundo o que ele n\\xe3o me deu. Gostaria de ter passado pelo que eu passei? N\\xe3o. Mas j\\xe1 que passei, vou fazer o melhor disso\\u201d, diz. Tiago tamb\\xe9m foi a primeira drag queen a assinar um\\xa0contrato com a Nike para ser embaixador da causa LGBTQIANP+ nos esportes.\\nNo papo com o Trip FM, ele tamb\\xe9m falou sobre dinheiro, masculinidade e preconceito. \\u201cO Brasil \\xe9 um pa\\xeds de ironia. Somos os que mais matam LGBTQIAPN+ no mundo, o pa\\xeds que mais consome pornografia de travestis e transexuais e tamb\\xe9m o que tem as drag queens mais famosas. Repress\\xe3o \\xe9 isso: ame e odeie ao mesmo tempo, na mesma intensidade\\u201d, afirma. Voc\\xea pode ouvir essa conversa no play aqui em cima e tamb\\xe9m no Spotify.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/06/648c9dd1b4c22/ikaro-kadoshi-drag-queen-jornlista-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Blad Meneghel / Divulga\\xe7\\xe3o; LEGEND=\\xedkaro Kadoshi, Drag Queen, apresentador de TV e jornalista; ALT_TEXT=\\xedkaro Kadoshi, Drag Queen, apresentador de TV e jornalista]\\nTrip. Voc\\xea sofreu muito com a fam\\xedlia do seu pai. Quanta import\\xe2ncia teve a aceita\\xe7\\xe3o da sua m\\xe3e?\\nTiago Liberato. Quando a minha m\\xe3e disse que eu n\\xe3o precisava mudar em nada o que sou, ganhei uma for\\xe7a para enfrentar o mundo. Ser LGBTQIAPN+ no Brasil \\xe9 enfrentar a sociedade todos os dias, de uma maneira que as pessoas desconhecem. O amor de m\\xe3e me deu esse porto-seguro. Se voc\\xeas soubessem a import\\xe2ncia de amar as pessoas como elas s\\xe3o... A gente s\\xf3 consegue chegar \\xe0 nossa plenitude quando recebe esse tipo de amor.\\xa0Hoje eu fa\\xe7o um esfor\\xe7o gigantesco para me amar, para n\\xe3o ser o meu pior inimigo. E fa\\xe7o um esfor\\xe7o tremendo para n\\xe3o devolver ao mundo o que ele me d\\xe1, que \\xe9 raiva, \\xf3dio e humilha\\xe7\\xe3o. A dor \\xe9 a melhor professora que a gente tem. Estou rompendo um ciclo, estou devolvendo ao mundo o que ele n\\xe3o me deu. Gostaria de ter passado pelo que eu passei? N\\xe3o. Mas j\\xe1 que passei, vou fazer o melhor disso.\\xa0\\nPor que voc\\xea conta que ser drag \\xe9 se assumir duas vezes?\\xa0Porque muda toda a estrutura \\xe0 sua volta. Eu perdi todos os meus amigos e tive que come\\xe7ar do zero. O que me d\\xe1 orgulho \\xe9 que a nova gera\\xe7\\xe3o vive em um mundo diferente. Hoje as drags s\\xe3o casadas, t\\xeam namorado, s\\xe3o orgulhosas de si e seguram as r\\xe9deas de suas vidas. Antes era uma morte social. Eu ouvi muito: "Se for pra namorar voc\\xea eu namoro uma mulher". At\\xe9 hoje ainda n\\xe3o consegui andar de m\\xe3o dada com algu\\xe9m na rua \\u2013 me gera um gatilho de que vou ser morto. Quando me tiram o direito de exercer o afeto, me transformam em um bicho. E as consequ\\xeancias disso s\\xe3o culpa de quem? Falam: "Eles s\\xe3o agressivos, s\\xe3o reativos". Experimenta tirar todo o afeto que voc\\xea pode ter, tirar os espa\\xe7os...'