Pastor Henrique Vieira: Nem todo evangelico e conservador

Published: March 11, 2022, 11 p.m.

b'O fundador da Igreja Batista do Caminho fala sobre intolerância religiosa, Bolsonaro, a experiência de atuar em Marighella, amor e até BBB\\n \\n O Pastor Henrique Vieira, fundador da Igreja Batista do Caminho, cimentou seu lugar como l\\xedder espiritual com muito estudo. Professor, poeta, palha\\xe7o, ator e ativista, s\\xe3o muitas as facetas que leva ao p\\xfalpito. De voz firme e uma tremenda simpatia, ele viu seu nome ficar ainda mais em evid\\xeancia quando seu personagem no filme "Marighella", de Wagner Moura, defendeu a possibilidade de Jesus ser preto, algo que o religioso j\\xe1 afirmava muito antes do filme. \\u201cA discuss\\xe3o vai al\\xe9m de uma quest\\xe3o de cor da pele. Jesus foi torturado e executado, era um corpo descart\\xe1vel. Sua experi\\xeancia est\\xe1 profundamente conectada com a experi\\xeancia do povo negro nas Am\\xe9ricas e no Brasil".\\nUm humanista, antes de mais nada, Pastor Henrique j\\xe1 foi vereador em Niter\\xf3i pelo PSOL, mas hoje opta por militar por direitos iguais a todos em outras frentes. Mesmo quando celebra casamentos, defende uma exist\\xeancia menos alienada: "De uma forma sens\\xedvel e po\\xe9tica, tento dizer aos casais para que n\\xe3o vivam um amor burgu\\xeas, centrado na pr\\xf3pria casa. Gosto quando os casais vivem o afeto, mas tamb\\xe9m abrem a janela".\\nEm um papo com o Trip FM o pastor ainda falou de palha\\xe7aria, inf\\xe2ncia e at\\xe9 Big Brother Brasil. Confira no play ou leia um trecho abaixo.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2022/03/622a884f560ad/pastor-henrique-vieira-tripfm-mh2.jpg; CREDITS=undefined; LEGEND=undefined; ALT_TEXT=undefined]\\nTrip. Me conta um pouco da sua g\\xeanese. Como voc\\xea vem ao mundo?\\nPastor Henrique Vieira. Eu nasci em Niter\\xf3i, vivi l\\xe1 at\\xe9 2016. Cresci em Fonseca, um bairro perif\\xe9rico e popular. Ali morei com minha m\\xe3e, pai e dois irm\\xe3os: sou o ca\\xe7ula. Foi uma inf\\xe2ncia, apesar das dificuldades materiais, muito rica em imagina\\xe7\\xe3o e brincadeira. O carinho da minha m\\xe3e e minha av\\xf3 me marcou muito. Apesar das dificuldades, existiu muita alegria, jogando bola de p\\xe9s descal\\xe7os, no asfalto. Me diverti bastante.\\nVoc\\xea tem contato direto com toda a realidade no Brasil, com todos os seus preconceitos. Queria que voc\\xea me falasse sobre o preconceito contra o evang\\xe9lico.\\xa0Isso precisa ser bem explicado. Primeiro, neste pa\\xeds muito marcado pela intoler\\xe2ncia, as religi\\xf5es que mais sofrem s\\xe3o as de matriz africana. Terreiros s\\xe3o destru\\xeddos, pais e m\\xe3es de santo s\\xe3o amea\\xe7ados. \\xc9 tamb\\xe9m verdade que existe um estigma sobre o campo evang\\xe9lico, como se todo evang\\xe9lico fosse conservador e ignorante. \\xc9 uma forma de preconceito, sim. Isso \\xe9 perigoso e precisa ser superado.\\nO que mais marcou voc\\xea no set do filme Marighella?\\xa0Foi uma energia muito bonita. Todo mundo que participou estava engajado em contar uma hist\\xf3ria t\\xe3o importante para o nosso pa\\xeds de hoje. Mas eu quero destacar o trecho em que o meu personagem aparece torturado. Essa cena seria gravada no fim da tarde, mas a maquiagem foi feita de manh\\xe3. Quando eu abri os olhos e vi aquilo fiquei muito impactado, mexeu muito comigo. Em mim era uma maquiagem, mas em muitas pessoas foi tortura mesmo. Tive uma crise de choro muito intensa. No meu caso tem ainda mais um elemento, porque eu sou pastor e de esquerda, dos direitos humanos, que estava interpretando um religioso lutando contra a ditadura. Ent\\xe3o, de alguma forma, aquilo tinha a ver com as minhas op\\xe7\\xf5es de vida. Lembrei muito do Frei Tito, que foi torturado pela ditadura.'