Lenine

Published: June 2, 2011, 3:34 p.m.

b'Pernambucano dispara: "não existe ineditismo que resista a uma boa pesquisa bibliográfica"\\n \\n \\xa0\\nEle \\xe9 um dos mais completos artistas da m\\xfasica brasileira contempor\\xe2nea. Natural de Recife, se mudou para o Rio de Janeiro no fim da d\\xe9cada de 70, ainda aos 19 anos. Lan\\xe7ou Baque Solto, seu primeiro disco, em 1983, mas o sucesso chegou mesmo junto com seu primeiro disco solo, O Dia em que Faremos Contato, de 1997. Ex\\xedmio compositor, letrista, violonista, cantor, arranjador e produtor, teve in\\xfameras can\\xe7\\xf5es gravadas por outros artistas, participou de projetos de incont\\xe1veis m\\xfasicos, produziu discos de parceiros e fez dire\\xe7\\xe3o musical para teatro e televis\\xe3o.\\nCom uma cria\\xe7\\xe3o meio cat\\xf3lica, meio comunista que recebeu de seus pais e tr\\xeas anos de faculdade de Engenharia Qu\\xedmica no curr\\xedculo, encontrou a melhor maneira para se expressar atrav\\xe9s de sua m\\xfasica, misturando ritmos nordestinos com rock, pop e MPB. Quem se liga em m\\xfasica j\\xe1 deve ter percebido que o papo no Trip FM desta semana \\xe9 com Lenine, um dos mais talentosos artistas brasileiros da atualidade, que falou sobre a mudan\\xe7a de vida quando chegou ao Sudeste, a longa trajet\\xf3ria na m\\xfasica popular brasileira e a resist\\xeancia do p\\xfablico roqueiro \\xe0 influ\\xeancia da m\\xfasica nordestina.\\n"O rock come\\xe7ou a aparecer mesmo no Brasil porque a MPB estava cobrando muito caro para fazer o que fazia. E a pr\\xf3pria ind\\xfastria ficava se perguntando se n\\xe3o tinha gente mais barata para colocar na roda. O rock foi uma conflu\\xeancia de coisas. Apareceu quando a imprensa decidiu colocar o foco naquela garotada que estava saindo das garagens. Mas isso eram universos-ilhas, que n\\xe3o tinham vasos comunicantes. N\\xe3o tinha ponte", comentou Lenine sobre o panorama musical na \\xe9poca de sua chegada ao Rio de Janeiro. "E quando a gente chegou aqui, chegamos com um tipo de blindagem que n\\xe3o conseguia eco. A turma do rock olhava pra gente e dizia que era muito MPB, enquanto a turma da MPB dizia que era muito rock n\' roll."\\n"Os ve\\xedculos de comunica\\xe7\\xe3o da \\xe9poca tamb\\xe9m eram muito fechados. Os nichos eram fechados demais, infinitamente mais do que agora. Ent\\xe3o para a gente foi muito dif\\xedcil. Eu digo sinceramente que houve muito preconceito, os caras falando: \'\\xf3 os para\\xedbas denovo\'! E rolava uma certa incompreens\\xe3o pelo fato de que n\\xf3s j\\xe1 est\\xe1vamos fazendo uma hibridade que s\\xf3 veio realmente acontecer no Brasil muito tempo depois, essa coisa do rock se aproximar da MPB e vice-versa." \\xa0\\xa0\\nO sucesso de Lenine entre os diferentes p\\xfablicos que acompanham seu trabalho se d\\xe1, al\\xe9m de pelo talento de compositor e cantor, tamb\\xe9m pela forma como Lenine se coloca no mercado fonogr\\xe1fico. Seja colaborando com m\\xfasicas para trilhas de novelas, muitas desde o in\\xedcio da carreira, ou fornecendo trilha sonora para projetos de dan\\xe7a contempor\\xe2nea, o pernambucano encontrou o equil\\xedbrio ideal entre participa\\xe7\\xe3o no meio art\\xedstico mainstream e underground. Para o cantor, n\\xe3o h\\xe1 forma melhor de manter seu trabalho autoral, sem fechar as portas jamais para os projetos que dar\\xe3o ainda mais visibilidade para sua m\\xfasica.\\n"Eu percebo que h\\xe1 uma coisa que me acompanha a vida toda, uma certa estranheza que eu procuro. Eu sinto isso desde sempre e nunca me distanciei desse sentimento, nem um tantinho. Tem uma coisa de n\\xe3o ser de nenhuma turma e ao mesmo tempo ser de todas. Isso foi a vida que me ensinou. Essa coisa de ser meio camale\\xe3o, do ditado \'em terra de sapo, de c\\xf3coras com eles", diverte-se o compositor pernambucano. "\\xc9 a\\xed que voc\\xea vai ficando meio casca grossa. Voc\\xea vai ficando com orelha de morcego, vai prestando aten\\xe7\\xe3o nas coisas e a sua carreira vai seguindo esse tipo de preocupa\\xe7\\xe3o."\\n"Bicho, eu nunca quis fazer um puta sucesso. Isso permeou minha vida. O que eu queria era fazer diferente. Eu n\\xe3o me contentava em fazer o que j\\xe1 fizeram, muito embora eu bata nessa tecla o tempo todo: n\\xe3o existe ineditismo que resista a uma boa pesquisa bibliogr\\xe1fica. Se voc\\xea procurar, vai ver que nada \\xe9 novo. Mas eu sempre procurei essa estranheza", concluiu Lenine.\\n\\nExtra!\\xa0Ou\\xe7a logo abaixo somente aqui no site as respostas que n\\xe3o entraram no Trip FM, incluindo a \\xe1rvore geneal\\xf3gica do cantor, a importancia de Elba Ramalho em sua carreira, um papo sobre seu mais recente disco e a experi\\xeancia de viver na Casa 9, lar provis\\xf3rio de v\\xe1rios artistas da m\\xfasica nos anos 70, que est\\xe1 virando\\xa0document\\xe1rio\\xa0sob a dire\\xe7\\xe3o de Luiz Carlos Lacerda.\\n\\n\\n\\n\\n\\n\\n\\n\\nO Trip Fm vai ao ar na grande S\\xe3o Paulo \\xe0s sextas \\xe0s 20h, com reprise \\xe0s ter\\xe7as \\xe0s 23h pela R\\xe1dio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz'