Fernando Meirelles

Published: Aug. 10, 2012, 5:38 p.m.

b'Diretor de Cidade de Deus detona: "É burrice impor uma visão pior só porque ela é sua"\\n \\n Fernando Meirelles \\xe9 o mais importante e celebrado diretor do cinema brasileiro da atualidade. Arquiteto formado pela FAU, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, fundou nos anos 80 a Olhar Eletr\\xf4nico, produtora que sacudiu e arejou de forma criativa e definitiva o jeito de se fazer televis\\xe3o no pa\\xeds. Depois de uma d\\xe9cada criando conte\\xfado para programas televisivos, nos anos 90 migrou para a publicidade, fundando a O2 Filmes, atualmente uma das a maiores produtoras do pais.\\nSua estreia no cinema aconteceu em 2001, com o filme Dom\\xe9sticas. No ano seguinte caiu nas gra\\xe7as do p\\xfablico, da cr\\xedtica e ganhou notoriedade internacional com o filme Cidade de Deus, uma das mais importantes obras cinematogr\\xe1ficas j\\xe1 feitas no Brasil. Depois, al\\xe9m de produzir diversos outros trabalhos, dirigiu os filmes O Jardineiro Fiel e Ensaio Sobre a Cegueira.\\n\\n"A cr\\xedtica, quando dura, violenta e at\\xe9 muitas vezes perversa, tira toda a raz\\xe3o do jornalista, por mais que ele esteja certo"\\n\\nO papo desta semana no Trip FM \\xe9 com o cineasta que se prepara para lan\\xe7ar no pr\\xf3ximo dia 17 de agosto sua mais recente obra, o filme 360, com Antonhy Hopkins e Jude Law no elenco. No est\\xfadio da Trip, Meirelles falou sobre os novos projetos, a longa carreira dedicada ao filme e sobre a cr\\xedtica cinematogr\\xe1fica internacional, assunto que abriu os trabalhos do programa.\\n"A cr\\xedtica, quando dura, violenta e at\\xe9 muitas vezes perversa, tira toda a raz\\xe3o do jornalista, por mais que ele esteja certo", refletiu o diretor. "Essa n\\xe3o \\xe9 a maneira certa de se fazer isso. Quando eu cheguei a essa conclus\\xe3o eu at\\xe9 parei de ler qualquer cr\\xedtica ao meu trabalho. J\\xe1 passei semanas respondendo a cr\\xedtica na minha cabe\\xe7a e isso tirava um pouco minha vontade de continuar filmando. Ent\\xe3o desisti. H\\xe1 anos que eu n\\xe3o leio uma cr\\xedtica. Se a cr\\xedtica ruim \\xe9 chata para o diretor, a boa \\xe9 pior ainda. \\xc9 mais perigosa e mais destrutiva."\\nSobre trabalhar no exterior e as rela\\xe7\\xf5es entre diretores brasileiros com equipes estrangeiras de filmagem, Fernando comentou as facilidades e dificuldades de se envolver em grandes processos cinematogr\\xe1ficos hollywoodianos.\\n\\n"Eu recebo convites e roteiros para filmar em est\\xfadios americanos, mas eu nunca quis. A vida \\xe9 curta demais e o processo deles \\xe9 muito longo [risos]"\\n\\n"Eu nunca fiz um filme de est\\xfadio americano propriamente dito. Todos os filmes que eu fa\\xe7o, inclusive o 360, s\\xe3o filmes independentes nos quais eu sou co-produtor. Assim, minha rela\\xe7\\xe3o com os outros produtores passa a ser de parceiro e n\\xe3o de funcion\\xe1rio. Isso muda tudo", explicou. "Eu recebo convites e roteiros para filmar em est\\xfadios americanos, mas eu nunca quis. A vida \\xe9 curta demais e o processo deles \\xe9 muito longo [risos]."\\n"Tanto l\\xe1 nos EUA quanto aqui tem muito colega que acredita que ator \\xe9 gado, como diria o Fellini [risos]. Mas eu acho que n\\xe3o", continuou Meirelles. "N\\xe3o usar a sensibilidade que os atores t\\xeam \\xe9 uma estupidez. Antes de come\\xe7ar qualquer trabalho eu quero ouvir exatamente como o ator v\\xea o personagem. E n\\xe3o s\\xf3 com ator: fot\\xf3grafos e montadores tamb\\xe9m. Se voc\\xea chama pessoas talentosas para trabalhar, o m\\xednimo que voc\\xea tem que fazer \\xe9 aproveitar o que voc\\xea tem na m\\xe3o. \\xc9 burrice impor uma vis\\xe3o pior s\\xf3 porque ela \\xe9 sua."\\nO diretor tamb\\xe9m comentou a performance de Maria Flor ao lado de atores consagrados na grava\\xe7\\xe3o do filme 360. E para tal n\\xe3o poupou elogios.\\n"A Maria Flor foi muito valente. Ela foi de igual pra igual com o Anthony Hopkins. Ele era sempre muito generoso com ela, mas depois ela reclamou e disse que, em cena, se sentiu muito sozinha. Dizia que ele era t\\xe3o experiente que n\\xe3o dava nada pra ela trabalhar. Mas ela enfrentou. E depois ela teve um problema mais complicado com o Ben Foster, que faz um estuprador. Eles se cruzam em um aeroporto por acaso e ela acaba convidando ele para ir para um hotel. E o pr\\xf3prio Ben pediu pra n\\xe3o conhecer a Maria Flor antes da cena em que eles se encontram, tudo para dar mais realismo. Ent\\xe3o eles se conheceram realmente naquela cena. Ela enfrentou isso tamb\\xe9m sem o menor problema. Ela n\\xe3o vacila. A menina \\xe9 um monstro."'