Fabricio Carpinejar: Felicidade e pausa entre tristezas

Published: Dec. 17, 2021, 11 p.m.

b'Poeta explica razão dos óculos amarelos, sua marca registrada e fala sobre dinheiro, igualdade e morte\\n \\n Ga\\xfacho de Caxias do Sul, filho de escritores e uma das refer\\xeancias culturais deste pa\\xeds, o poeta Fabr\\xedcio Carpinejar, apenas em 2021, adicionou tr\\xeas lan\\xe7amentos a uma lista que agora tem 48 livros publicados. A produ\\xe7\\xe3o acelerada n\\xe3o \\xe9 novidade \\u2013 o que mudou foram os temas. Acostumado a tratar de relacionamentos, ele foi empurrado pela pandemia a enfrentar, como muitos de n\\xf3s, a ideia da morte. "A felicidade \\xe9 uma tr\\xe9gua entre duas tristezas. Se voc\\xea for\\xe7a a perman\\xeancia da felicidade, voc\\xea j\\xe1 est\\xe1 ficando triste", conta.\\nCarpinejar se formou em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente, \\xe9 colunista dos jornais Zero Hora e O Tempo, al\\xe9m de ser comentarista do programa Encontro com F\\xe1tima Bernardes, da Rede Globo. Na televis\\xe3o, tamb\\xe9m comandou entre 2012 e 2016 o talkshow A M\\xe1quina, na TV Gazeta, e, no teatro, apresenta o stand-up O Amor n\\xe3o \\xe9 para os Fracos.\\nNa conversa com o Trip FM, o cronista ainda explicou a raz\\xe3o dos \\xf3culos amarelos, sua marca registrada, falou sobre dinheiro, igualdade de g\\xeanero e defendeu a escrita como uma forma de cura.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2021/12/61bcf7284717e/fabricio-carpinejar-escritor-poeta-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Vicente Carpinejar; LEGEND=Fabr\\xedcio Carpinejar; ALT_TEXT=Fabr\\xedcio Carpinejar entre 2 balan\\xe7os vazios em movimento]\\nTrip. Eu sei que para alguns motoristas, por exemplo, os \\xf3culos de lente amarela ajudam com os reflexos. Os seus s\\xe3o funcionais ou apenas um adere\\xe7o que voc\\xea gosta de usar?\\xa0\\nFabr\\xedcio Carpinejar. Tem essa parada de ajudar nos reflexos, mas tem uma parada de funcionar como uma compensa\\xe7\\xe3o. Eu n\\xe3o tenho sobrancelhas; \\xe9 um tracinho, esqueceram de colocar. Quem n\\xe3o tem sobrancelhas n\\xe3o \\xe9 confi\\xe1vel, ela \\xe9 o marcador de p\\xe1gina do rosto. O que eu fiz? Promovi meus \\xf3culos a sobrancelha.\\nEntre outras coisas, nesse per\\xedodo em que a gente ficou sem se falar, voc\\xea fez um curso de cura pela escrita. Qual era a inten\\xe7\\xe3o disso?\\xa0O meu papel era trazer essa chama de volta, a fa\\xedsca da democratiza\\xe7\\xe3o da escrita, da escrita como extens\\xe3o terap\\xeautica, fora do reduto intelectual. Existe uma elitiza\\xe7\\xe3o da escrita: parece que s\\xf3 o escritor deve us\\xe1-la. Escrever \\xe0 m\\xe3o \\xe9 uma forma de se conectar profundamente consigo. \\xc9 uma forma de combater a ansiedade, de revisar os seus pensamentos antes de tomar uma decis\\xe3o. Todo mundo deveria ter um di\\xe1rio.\\nVoc\\xea j\\xe1 me falou que pega mal ser culto nesse pa\\xeds. A impress\\xe3o \\xe9 que isso piorou com esse governo. Houve uma legitima\\xe7\\xe3o da estupidez? Voc\\xea sente essa piora?\\xa0Pioramos. Hoje voc\\xea xinga para depois conhecer. H\\xe1 um entendimento de que o intelectual \\xe9 um vadio; um mendigo no sem\\xe1foro da Lei Rouanet. H\\xe1 uma cren\\xe7a de que o intelectual vai enriquecer com o dinheiro p\\xfablico. Eu vejo o estado lament\\xe1vel das nossas bibliotecas, elas t\\xeam uma defasagem de vinte anos para receber um livro. A cultura d\\xe1 a cidade para o leitor. A vida cultural \\xe9 tamb\\xe9m um acesso a vida pol\\xedtica.'