Deborah Colker: Sempre havera uma cura

Published: Dec. 10, 2021, 11 p.m.

b'Bailarina e coreógrafa fala de religião, grana, inclusão, ciência e mais\\n \\n "O vestu\\xe1rio do bailarino \\xe9 a dor", conta a core\\xf3grafa e diretora de espet\\xe1culos Deborah Colker. O esfor\\xe7o f\\xedsico, os ensaios \\xe0 exaust\\xe3o, os calos causados pela sapatilha de ponta nunca foram estranhos ao universo da dan\\xe7arina, mas nenhuma m\\xe1cula f\\xedsica conseguiu preparar Deborah para o que ela enfrentaria com a nascimento de Theo. Diagnosticado com epiderm\\xf3lise bolhosa, uma doen\\xe7a gen\\xe9tica sem cura, ele se tornou ao mesmo tempo uma felicidade enorme para a fam\\xedlia, como o primeiro neto, e um meio para um crescimento espiritual.\\nNo in\\xedcio, os sentimentos dominantes foram de indigna\\xe7\\xe3o e raiva, mas Deborah encontrou maneiras de remendar a alma. Buscou apoio tanto na f\\xe9 quanto na ci\\xeancia e hoje faz turn\\xea com seu mais novo espet\\xe1culo, que reflete essa luta e n\\xe3o por acaso foi intitulado \\u201cCura\\u201d. "A cura sempre existe. Se n\\xe3o \\xe9 poss\\xedvel curar no plano f\\xedsico, ela vem no plano intelectual, emocional ou espiritual", diz.\\nA primeira mulher a dirigir o Cirque de Soleil no mundo e uma das pe\\xe7as mais importantes na cria\\xe7\\xe3o da abertura dos Jogos Ol\\xedmpicos no Rio de Janeiro, em 2016, Deborah Colker bateu um papo com o Trip FM para falar ainda de religi\\xe3o, grana, inclus\\xe3o, ci\\xeancia e mais.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2021/12/61b3808baa9bd/deborah-colker-coreografa-bailarina-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulga\\xe7\\xe3o; LEGEND=Deborah Colker; ALT_TEXT=Deborah Colker]\\nTrip. Seu novo espet\\xe1culo faz uma mistura de candombl\\xe9 com juda\\xedsmo, uma fus\\xe3o n\\xe3o vista comumente. Voc\\xea tamb\\xe9m me falou um pouco da sua m\\xe3e, uma verdadeira yiddishe mama. Como \\xe9 ser judia hoje em dia?\\nDeborah Colker. Eu perguntei um dia para a minha m\\xe3e o que era ser judeu. Ela respondeu que ser judeu \\xe9 gostar de ser judeu. A resposta me deu um al\\xedvio. Eu gosto muito e me reconhe\\xe7o judia em v\\xe1rios momentos. Eu tenho um compromisso com a vida que vem da educa\\xe7\\xe3o judaica. Sempre fui muito estimulada a me aproximar das artes, meus pais acreditavam que a arte \\xe9 transformadora. O meu lado judeu passa muito mais pela maneira de pensar do que pela religiosidade.\\nVoc\\xea tem uma conjun\\xe7\\xe3o de caracter\\xedsticas muito especial, algo que talvez torne o seu trabalho o que ele \\xe9. E dentro desses atributos existe uma caracter\\xedstica que, por si s\\xf3, abriga outras milhares, que \\xe9 ser carioca. O que \\xe9 ser carioca?\\xa0Ser carioca \\xe9 gostar da rua. Eu adoro a rua. Eu sou uma artista internacional, mas \\xe9 impressionante como sou carioca. J\\xe1 tive todas as oportunidades de ficar fora, mas eu adoro a esquina da minha casa, eu adoro beber a uma cachacinha l\\xe1. Eu gosto desse leque que o Rio de Janeiro tem: essa cidade t\\xe3o misturada, t\\xe3o inspirada. Eu me conecto com o mundo atrav\\xe9s do Rio.\\nVoc\\xea \\xe9 uma pessoa que trabalha muito em equipe. Mas voc\\xea \\xe9 brava no ambiente de trabalho ou \\xe9 fofa?\\xa0Fofa \\xe9 uma palavra que n\\xe3o me cabe. Eu boto na mesa, se algu\\xe9m vier com uma ideia melhor do que a minha eu logo falo que \\xe9 legal. Mas se a ideia for ruim eu logo critico tamb\\xe9m. Quando eu estou fazendo algo \\xe9 porque estou apaixonada: aquilo \\xe9 a minha carne. Eu sou intensa, obsessiva. O espet\\xe1culo pode ser em Londres ou o de fim de ano da minha escola, \\xe9 o mesmo compromisso. Sou explosiva: se precisar quebrar um prato eu quebro, mas n\\xe3o quebro na cabe\\xe7a da pessoa, n\\xe3o.'