Debora Falabella: trabalhar para nao pirar

Published: July 3, 2020, 11 p.m.

b'A atriz, que tem mantido uma produção artística intensa sem sair de casa, fala da satisfação de levar debates importantes para a televisão\\n \\n Uma das mais brilhantes atrizes de sua gera\\xe7\\xe3o, a mineira D\\xe9bora Falabella tem encarado uma quarentena produtiva em seu apartamento em S\\xe3o Paulo. Sem sair de casa, a atriz est\\xe1 produzindo, atuando e gravando as s\\xe9ries Cara Palavra, junto das atrizes Bianca Comparato, Mariana Ximenes e Andr\\xe9ia Horta; Se eu estivesse a\\xed com seu companheiro Gustavo Vaz; e Depois a louca sou eu, em que interpreta a personagem do filme hom\\xf4nimo que deve estrear ainda este ano.\\nEntre um trabalho e outro, D\\xe9bora contou \\xe0 Trip como encontrou nessa rotina intensa de cria\\xe7\\xe3o uma v\\xe1lvula de escape para n\\xe3o enlouquecer com as incertezas que vivemos em rela\\xe7\\xe3o \\xe0 pandemia e ao futuro do pa\\xeds. Ela fala tamb\\xe9m sobre o trabalho em Aruanas, s\\xe9rie da Globoplay que trata da amea\\xe7a ao meio ambiente, e o gosto por defender uma causa atrav\\xe9s do audiovisual: "A TV junto de uma quest\\xe3o social \\xe9 muito potente".\\nO papo tamb\\xe9m est\\xe1 dispon\\xedvel no Spotify do Trip FM.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5efe0108b77b1/debora-falabella-atriz-quarentena-tripfm-materiaquad.jpg; CREDITS=Bispo; LEGEND=Debora Falabella]\\nTrip. Oito anos depois de ir ao ar, rolou agora o reprise de Avenida Brasil, novela na qual voc\\xea foi uma das protagonistas e que foi um sucesso estrondoso. Como \\xe9 assistir a esse trabalho agora?\\xa0\\nD\\xe9bora Falabella. Eu acho muito mais legal ver depois de um tempo. No caso da Avenida Brasil, na \\xe9poca em que a gente gravou a novela eu estava t\\xe3o envolvida que assistia de uma maneira mais cr\\xedtica, para ver como que os personagens estavam se relacionando, para ver a atua\\xe7\\xe3o, se estava no tom ou n\\xe3o da novela. Agora posso ver um pouco mais de fora, com um certo distanciamento. Eu acho muito mais divertido ver depois de um tempo. Tem toda uma hist\\xf3ria que estava acontecendo naquela \\xe9poca, tanto no mundo, no pa\\xeds, como com a gente tamb\\xe9m, e eu acho interessante ver esses momentos que ficaram marcados na nossa vida atrav\\xe9s dos trabalhos. Os atores s\\xe3o um dos poucos profissionais que conseguem ter esses registros de imagem de uma \\xe9poca. Eu j\\xe1 relaxei a ponto de gostar de v\\xea-los hoje em dia.\\nA gente v\\xea que, de l\\xe1 para c\\xe1, muita coisa mudou no meio da dramaturgia. Vemos agora a for\\xe7a do streaming, da internet, das s\\xe9ries. O que essa mudan\\xe7a representa para o artista? Na \\xe9poca de Avenida Brasil eu j\\xe1 enxergava a novela de uma maneira diferente. Mesmo sendo uma obra de teledramaturgia, ela tinha uma pegada mais parecida com as s\\xe9ries, e por isso fez sucesso. Jo\\xe3o Emanuel Carneiro, apesar de escrever uma hist\\xf3ria que durava meses, conseguia fazer cap\\xedtulos que tinham come\\xe7o, meio e fim, e com um gancho muito forte para o pr\\xf3ximo epis\\xf3dio. Ent\\xe3o eu j\\xe1 achava que essa novela tinha uma pegada um pouco diferente. Depois disso, eu fiz praticamente s\\xf3 s\\xe9ries. As s\\xe9ries na Globo tamb\\xe9m aumentaram de tamanho, surgiu a Globoplay. Fora isso a gente tem Amazon, HBO, Netflix. Acho isso saud\\xe1vel para todos, tanto para os atores quanto para as pr\\xf3prias emissoras, e a rela\\xe7\\xe3o do ator com as empresas tamb\\xe9m vai mudar. Hoje em dia voc\\xea consegue circular de uma forma mais tranquila, sem ter uma hegemonia. A pr\\xf3pria Globo tem feito isso com as suas s\\xe9ries. Tem muita gente que faz s\\xe9rie em outro lugar e volta para a Globo, tem contratos menores. As novelas tamb\\xe9m v\\xe3o se modificando, ficando um pouco mais curtas. No Brasil a gente foi criado com uma cultura muito forte ligada \\xe0 telenovela, ent\\xe3o \\xe9 algo que n\\xe3o vai acabar t\\xe3o cedo, mas eu acho que elas v\\xe3o se modificar um pouco.\\nLEIA TAMB\\xc9M: Estela Renner conta como foi estrear \\xe0 frente de s\\xe9ries dirigindo Tais Ara\\xfajo, Leandra Leal e Debora Falabella em Aruanas\\nNo ano passado voc\\xea atuou na s\\xe9rie Aruanas, uma produ\\xe7\\xe3o para o streaming que acaba de ser veiculada tamb\\xe9m na TV aberta. \\xc9 uma s\\xe9rie que trata da quest\\xe3o ambiental e do massacre de povos ind\\xedgenas. Para voc\\xea, o que representa trabalhar nesse tipo de fic\\xe7\\xe3o, que envolve um ativismo? Como eu tenho uma vida muito ativa no teatro, quando eu fa\\xe7o um trabalho na TV que me desperta algo que eu tamb\\xe9m queira dizer no \\xe2mbito social \\xe9 muito importante para mim. No teatro a gente faz isso. Eu tenho uma companhia e a gente escolhe os textos, a gente quer dizer algo. N\\xf3s somos artistas para isso tamb\\xe9m: para nos expressarmos e para ocupar algum lugar no mundo e fazer as pessoas enxergarem o mundo atrav\\xe9s da arte. Eu acho que Aruanas \\xe9 t\\xe3o impactante e importante por conta disso. Al\\xe9m de tratar de um assunto extremamente importante que n\\xe3o pode ser deixado de lado, ela tem um roteiro muito bom, uma dramaturgia muito boa e que leva essa hist\\xf3ria pra milhares de pessoas. Voc\\xea estar dentro da casa de milhares de pessoas que n\\xe3o estavam habituadas a falar sobre ativismo ambiental \\xe9 muito precioso, e falar disso atrav\\xe9s de personagens muito bem constru\\xeddas, que tamb\\xe9m se conectam com o p\\xfablico. Quando a TV, o audiovisual, consegue juntar essas duas coisas eu acho muito potente, \\xe9 o lugar onde eu gosto de trabalhar. Claro que fazer uma s\\xe9rie que conte uma hist\\xf3ria e seja tamb\\xe9m entretenimento ocupa um lugar muito importante na vida das pessoas, porque a gente precisa disso, precisa de respiro, e a arte d\\xe1 isso pra gente. Mas eu gosto muito dessa onda do audiovisual ligado a algum tipo de ativismo social. Eu fiz isso muito cedo, uma personagem que se chamava Mel [na novela O Clone], que falava sobre uma quest\\xe3o de depend\\xeancia qu\\xedmica. Claro que s\\xe3o assuntos completamente diferentes, mas a TV junto de uma quest\\xe3o social \\xe9 muito potente.\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5efe011742134/debora-falabella-atriz-quarentena-tripfm-materiaquad2.jpg; CREDITS=Bispo; LEGEND=Debora Falabella]\\nVoc\\xea est\\xe1 fazendo uma webs\\xe9rie junto do seu companheiro, Gustavo Vaz, na qual voc\\xeas produzem gravam e editam tudo juntos de casa. Como surgiu essa ideia e como est\\xe1 sendo fazer tudo s\\xf3 entre voc\\xeas? Esse projeto, chamado Se eu estivesse a\\xed ,\\xa0foi algo que a gente come\\xe7ou a pensar no in\\xedcio da pandemia, de uma forma um pouco despretensiosa, para fazer um trabalho juntos. Eu j\\xe1 estava gravando a segunda temporada de Aruanas, o Gustavo estava apresentando uma pe\\xe7a no Canad\\xe1, mas teve que voltar antes por conta da pandemia. A gente se viu com uma vontade de, al\\xe9m de nos ocuparmos criativamente, gerar algum tipo de conte\\xfado durante esse per\\xedodo. E o Gustavo trabalha muito na companhia dele com o \\xe1udio binaural, que \\xe9 o \\xe1udio 3D e que d\\xe1 a sensa\\xe7\\xe3o de presen\\xe7a f\\xedsica. A gente juntou essa quest\\xe3o do \\xe1udio com imagens e criou uma s\\xe9rie dentro de casa, s\\xf3 os dois, um trampo enorme porque a gente teve que exercer determinadas fun\\xe7\\xf5es que a gente n\\xe3o exerce. A gente faz as vezes de toda uma equipe. Como \\xe9 importante ter uma equipe com a gente durante uma grava\\xe7\\xe3o! Mas foi a maneira que a gente teve de fazer esse trabalho, que tem exibi\\xe7\\xe3o no site do Gshow e tamb\\xe9m nas nossas redes sociais. \\xc9 um trabalho muito diferente do que eu j\\xe1 tinha feito. E estar ocupado criativamente, desenvolvendo um trabalho, \\xe9 um lugar mais saud\\xe1vel do que se a gente n\\xe3o estivesse fazendo nada, porque t\\xe1 dif\\xedcil. Claro que tem dias muito piores do que outros, mas eu acho que o trabalho nos movimenta, em todos os aspectos, e acho que \\xe9 imprescind\\xedvel continuar ativamente em algo.\\nLEIA TAMB\\xc9M:\\xa0O home office de TathI Lopes, do Porta dos Fundos\\nComo voc\\xea tem encarado esse momento da pandemia e lidado com a incerteza do que vai ser o mundo depois que ela passar? A gente lida com incertezas durante a nossa vida inteira, mas uma incerteza geral e mundial eu nunca tinha presenciado. Acho que \\xe9 o que acontece em guerras tamb\\xe9m. Eu tento ter uma vis\\xe3o otimista, de esperar que a gente aprenda algo com o que a gente est\\xe1 vivendo agora. Mas, ao mesmo tempo, me assusta muito o pa\\xeds em que a gente est\\xe1 vivendo e como a gente est\\xe1 lidando com isso. Por mais que eu tenha essa vis\\xe3o otimista, de esperar que depois que tudo isso passar a gente aprenda algo, que a gente consiga seguir em frente com mais cuidado com os nossos e com a vida no planeta, ao mesmo tempo eu tenho uma inseguran\\xe7a enorme que me faz ficar ali do outro lado, o lado do desespero, desses momentos dif\\xedceis, do pa\\xeds estar lidando com isso dessa forma. A gente v\\xea coisas acontecendo e a gente acha que as coisas v\\xe3o se resolver e elas ficam na mesma. As pessoas agora est\\xe3o voltando \\xe0s ruas e o n\\xfamero de mortos continua aumentando. \\xc9 meio desesperador, tem uma hora que fica complicado mesmo voc\\xea ser otimista, por mais que queira. Apesar de toda a vontade de ver isso com uma certa esperan\\xe7a de que a gente saia melhor dessa, eu n\\xe3o sei o que vai acontecer. Essa inseguran\\xe7a \\xe9 global, mundial, mas aqui no Brasil t\\xe1 puxada mesmo, pesada.\\nComo \\xe9 voc\\xea imagina o p\\xf3s-pandemia? Que panorama voc\\xea gostaria de ver? Principalmente falando do nosso pa\\xeds, gostaria que a gente tentasse compreender e entender um pouco mais o abismo social no qual vivemos. \\xc9 um pa\\xeds muito desigual, a gente bate cabe\\xe7a o tempo inteiro, e eu acho que esse abismo est\\xe1 muito mais forte para todo mundo. Mas eu espero que a gente consiga um pouco mais de igualdade nesse sentido, e tamb\\xe9m consiga enxergar e entender como construir algumas pontes para esses abismos diminu\\xedrem um pouco.\\nLEIA TAMB\\xc9M:D\\xe9bora Falabella posa sem maquiagem nem Photoshop, com suas pr\\xf3prias roupas em sua casa\\nEm uma entrevista em 2016 para a Trip voc\\xea reivindicava o direito das mulheres envelhecerem. Agora voc\\xea est\\xe1 com 41 anos. A chegada aos 40 mudou em alguma coisa a sua percep\\xe7\\xe3o, o seu sentimento em rela\\xe7\\xe3o a isso? Talvez 10 anos atr\\xe1s me assustasse fazer 40, mas hoje em dia realmente eu n\\xe3o vejo muito esse lugar. As mulheres est\\xe3o muito fortalecidas, n\\xe3o acho que enxerguem isso como um caminho para um outro momento, ou pra um lugar em que elas tenham que ser diferentes. Pelo contr\\xe1rio. Hoje em dia, a liberdade que se tem e a vontade de continuar sendo do jeito que se quer ser com 40 anos, ela \\xe9 enorme, a gente alcan\\xe7ou isso. Fazer 40 nessa \\xe9poca em que a gente est\\xe1, pra mim, tem sido extremamente saud\\xe1vel. E ao mesmo tempo o que eu acho que eu ganho \\xe9 uma tranquilidade em rela\\xe7\\xe3o \\xe0 vida, ao trabalho, \\xe0s coisas que eu j\\xe1 fiz, uma ansiedade um pouco menor e uma vontade de experimentar coisas que n\\xe3o tenha experimentado. Eu estou com mais vontade de ir para outros caminhos, tenho mais possibilidades. Isso talvez seja algo que a gente ganhe, uma atriz com 40 que tem pap\\xe9is muito melhores e isso me deixa num lugar de uma atividade forte, me deixa pulsante em rela\\xe7\\xe3o a isso. Eu n\\xe3o vi os 40 como um momento de crise, eu enxerguei como um momento de mudan\\xe7a mais pelo n\\xfamero, e pelo que isso representa. Talvez como um ritual de uma passagem para uma vida um pouco mais adulta. Mas em nenhum momento acredito que eu tenha que agora me privar de algo, ou que algo vai acontecer de muito diferente em mim, ou no meu corpo, no meu rosto, no meu pensamento. Eu me sinto at\\xe9 com uma cabe\\xe7a um pouco mais jovem, no sentido de estar mais aberta a algumas coisas do que eu estava a 10 anos atr\\xe1s.\\nFalando de Aruanas, como foi gravar na Amaz\\xf4nia? A primeira cena que gravei foi a cena do massacre ind\\xedgena. Foi muito impactante. Primeiro porque a gente chegou em Manaus, pegamos um barco e fomos para esse lugar que era tamb\\xe9m uma aldeia onde os personagens e os atores ind\\xedgenas estavam ali maquiados e prontos para aquela situa\\xe7\\xe3o horr\\xedvel relacionada a esse massacre. E esse calor, esse lugar que \\xe9 realmente diferente na maneira como voc\\xea lida com o clima. Tem uma hora que a gente entende e se acostuma um pouco. Mas, no primeiro momento, ele realmente \\xe9 assustador, \\xe9 abafado. Eu j\\xe1 tinha ido para Amaz\\xf4nia h\\xe1 um tempo, fui com a minha filha. E come\\xe7o a gostar desse clima, n\\xe3o \\xe9 uma coisa que me incomoda. Claro que tem hora que \\xe9 um calor insuport\\xe1vel, mas eu me sinto bem ali. \\xc9 impressionante como \\xe9 forte a presen\\xe7a da natureza, como a gente fica tomado por aquilo. E gravar no lugar, no ambiente do qual voc\\xea est\\xe1 falando sobre, \\xe9 muito importante tamb\\xe9m para o ator entender. A gente gravava cenas depois em S\\xe3o Paulo como se fosse na Amaz\\xf4nia e tinha que ficar todo suado, passar maquiagem, num frio de 14 graus.\\nComo \\xe9 para voc\\xea fazer cenas dif\\xedceis? Uma frustra\\xe7\\xe3o, um massacre, uma tristeza. Voc\\xea precisa recorrer a mem\\xf3rias pessoais? Isso vai de ator para ator. Tem muitos momentos da vida de um ator que ele precisa buscar algo nas suas mem\\xf3rias para viver determinadas cenas. Mas eu acho que, hoje em dia, eu consigo separar mais as coisas e embarcar mais na hist\\xf3ria, principalmente quando tem um roteiro muito bom, uma personagem que \\xe9 bem constru\\xedda. Voc\\xea est\\xe1 junto dela, anda com ela de m\\xe3o dada e na hora que ela sofre voc\\xea sofre tamb\\xe9m. Fora a troca que voc\\xea tem com o outro ator em cena. Quando voc\\xea tem um ator que tamb\\xe9m joga com voc\\xea, que te ajuda a embarcar naquela hist\\xf3ria e viver aquele momento, \\xe9 imprescind\\xedvel.\\xa0\\n[IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2020/07/5efe014fb4fc9/debora-falabella-atriz-quarentena-tripfm-materiaquad3.jpg; CREDITS=Reprodu\\xe7\\xe3o; LEGEND=Debora Falabella]\\nAl\\xe9m das telas e dos palcos voc\\xea agora tamb\\xe9m \\xe9 uma atriz das redes sociais. Queria que voc\\xea contasse um pouco sobre essas s\\xe9ries que voc\\xea est\\xe1 fazendo durante quarentena, Cara Palavra, Se Eu Estivesse A\\xed e Depois a Louca Sou Eu. As tr\\xeas coisas foram surgindo juntas. A s\\xe9rie Depois a Louca Sou Eu come\\xe7ou com uma\\xa0 ideia de fazer os v\\xeddeos dessa personagem super rica, que sofre de ansiedade. Ela tem muitas nuances interessantes para se explorar. E o filme [Depois a Louca Sou Eu]\\xa0teve o lan\\xe7amento adiado, ent\\xe3o foi uma forma de continuar falando disso, falando de cinema, atrav\\xe9s das redes sociais. Foi muito legal o resultado, e o que teve de retorno. O Cara Palavra \\xe9 um projeto com tr\\xeas atrizes queridas e amigas,\\xa0Andr\\xe9ia Horta, Bianca Comparato e Mariana Ximenes, e surgiu de uma ideia de trabalhar juntas anteriormente. A gente pegou textos para interpret\\xe1-los durante esse per\\xedodo e tem v\\xeddeos muito legais que a gente tem produzido e feito cada uma da sua casa. E Se Eu Estivesse A\\xed \\xe9 essa s\\xe9rie que eu fa\\xe7o com o Gustavo aqui dentro de casa. Arrumei essas encrencas, mas eu acho que sem elas eu estaria muito pior, n\\xe3o estaria bem para passar por tudo isso. A gente precisa continuar querendo dizer, querendo estar ativo no nosso trabalho, principalmente os artistas. Est\\xe1 todo mundo sem previs\\xe3o. Como que a gente vai voltar, quando? Os teatros v\\xe3o reabrir? Acho que a \\xfaltima coisa que vai voltar \\xe9 cinema e teatro, lugares onde se aglomeram pessoas. E vivemos num pa\\xeds que n\\xe3o d\\xe1 uma import\\xe2ncia t\\xe3o grande para a cultura, infelizmente, ent\\xe3o n\\xe3o vai ter um pensamento para essa volta t\\xe3o cedo. Eu fico vendo nas redes sociais os artistas se movimentando e isso me enche de alegria. Uma das grandes coisas que eu tinha vontade era fazer uso da rede social de uma forma ligada \\xe0 dramaturgia, com algo que pudesse ser encenado. E, nesse momento, acabei aprendendo quase que obrigada, teve esse lado bom. Vejo as pessoas usando as redes sociais de uma maneira um pouco mais interessante nesse momento.\\nVoc\\xea est\\xe1 \\xe0 frente do grupo 3 de teatro, que tem 15 anos. Como ficou a situa\\xe7\\xe3o desse grupo com essa paralisa\\xe7\\xe3o? A gente tem um n\\xfacleo de cria\\xe7\\xe3o, s\\xe3o poucas pessoas, mas tem uma estrutura de trabalho que a gente precisa manter. At\\xe9 porque tem pessoas que trabalham com a gente, que fazem os projetos e essas pessoas ainda est\\xe3o ali junto da gente. Temos tentado sobreviver em meio a esse caos. Depois que isso passar, apesar de achar que vai demorar a voltar, a gente vai ter que entender outras formas de chegar no p\\xfablico.\\nA pandemia levou muita gente pra cozinha tamb\\xe9m, com a impossibilidade de sair para comer fora, e tamb\\xe9m como uma forma de se distrair e se cuidar. Como tem sido isso para voc\\xea? Eu gosto de comer coisas saud\\xe1veis, org\\xe2nicas. Tenho tentado diminuir um pouco o consumo de carne. Tenho cozinhado aqui. Em princ\\xedpio me empolguei, inventava pratos, mas agora j\\xe1 cheguei na parte que cansei. Uma coisa \\xe9 a gente cozinhar quando est\\xe1 com vontade, outra \\xe9 cozinhar no dia a dia. Mas tenho filha em casa, tem que ser uma alimenta\\xe7\\xe3o balanceada e saud\\xe1vel.\\nLEIA TAMB\\xc9M:\\xa0\\xc9 normal comer compulsivamente na quarentena?\\nA gente viu que cresceu muito o volume de doa\\xe7\\xf5es no Brasil ap\\xf3s a Covid-19. Como \\xe9 a sua rela\\xe7\\xe3o com o dinheiro, e mudou alguma coisa nessa rela\\xe7\\xe3o nesse per\\xedodo de pandemia? Dentro de casa, sem sair, sem comprar coisas para o nosso divertimento, a gente tem notado muitas coisas das quais a gente n\\xe3o precisa. Muda a rela\\xe7\\xe3o com o que \\xe9 realmente necess\\xe1rio. Eu nunca fui uma pessoa muito consumista. Minha rela\\xe7\\xe3o com o dinheiro estava muito mais ligada \\xe0s coisas b\\xe1sicas que eu tinha que ter na minha vida, na escola que a minha filha estudava, as pessoas que trabalhavam comigo. Mas a rela\\xe7\\xe3o com dinheiro, de coisas maiores, eu nunca tive. Gostei sempre de viajar, mas nunca tive uma rela\\xe7\\xe3o n\\xe3o-saud\\xe1vel com o dinheiro. A gente tem percebido o que realmente \\xe9 essencial, tem coisas nem usamos mais, coisas que a gente esqueceu. E \\xe9 muito louco que a gente parou de manipular o pr\\xf3prio dinheiro. O que a gente pede para entregar a gente paga com uma transfer\\xeancia, n\\xe3o estamos mais na rua lidando com isso. \\xc9 um momento bem estranho. Eu sempre economizei o que eu pude e sempre estive ligada a alguns movimentos que eu achava importantes. Acho que agora isso foi potencializado, muitas pessoas est\\xe3o mais ligadas a esses movimentos e esse dinheiro est\\xe1 chegando nesses lugares. A rela\\xe7\\xe3o mudou mesmo e espero que tamb\\xe9m seja algo que as pessoas pensem de uma forma mais saud\\xe1vel. Essa rela\\xe7\\xe3o que a gente tem com consumo, com capitalismo, eu acho que tamb\\xe9m n\\xe3o estava nem um pouco saud\\xe1vel.\\xa0\\nASSISTA:\\n[VIDEO=https://www.youtube.com/embed/VLy_93i2oI4; CREDITS=; LEGEND=; IMAGE=https://img.youtube.com/vi/VLy_93i2oI4/sddefault.jpg]'