Caos no litoral. Q letra voce culparia? E, S ou G?

Published: Feb. 24, 2023, 11 p.m.

b'Especialistas e vítimas das enchentes ajudam a traçar um panorama sobre a tragédia que assolou o litoral paulista\\n \\n O Trip FM desta semana escutou diversas vozes para tentar entender um pouco mais o que causou e quais v\\xe3o ser as consequ\\xeancias das enchentes que assolaram o litoral norte de S\\xe3o Paulo na madrugada do \\xfaltimo domingo, dia 19 de fevereiro. Especialistas, volunt\\xe1rios e v\\xedtimas participam do programa que discute o racismo ambiental, aquecimento global e como as mulheres s\\xe3o mais impactadas em eventos como este. Participam o professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Guilherme Wisnik, a especialista de mudan\\xe7as clim\\xe1ticas e emerg\\xeancias na Plan International Brasil, J\\xfalia Ferraz, o socorrista volunt\\xe1rio da linha de frente Mihaly Martins entre muitos outros. Confira alguns dois depoimentos abaixo, d\\xea o play no programa completo ou confira todos os epis\\xf3dios no Spotify.\\nFernanda Carbonelli, diretora da ONG Verdescola:\\n"Nossa comunidade tem sido incr\\xedvel: dia e noite nas ruas ajudando as pessoas, limpando a lama e resgatando corpos. \\xc9 uma situa\\xe7\\xe3o triste. Isso precisa para de acontecer, n\\xf3s precisamos colocar a agenda de habita\\xe7\\xe3o popular em pauta. Isso era uma trag\\xe9dia anunciada faz muito tempo, mas vamos usar o que aconteceu como for\\xe7a motriz para ajudar essa comunidade a se reconstruir".\\nGuilherme Wisnik, professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP:\\n"Na hora em que um pequeno conjunto de casas de veraneio passa a ser uma protocidade, precisa haver um lugar para abrigar os trabalhadores que se instalam na regi\\xe3o. Caso contr\\xe1rio, as pessoas acabam ocupando \\xe1reas de risco da maneira mais prec\\xe1ria poss\\xedvel e sem nenhuma assist\\xeancia do poder p\\xfablico. Por isso h\\xe1 que se rever o modelo das nossas cidades. O que a gente est\\xe1 vendo s\\xe3o as revoltas da natureza".\\nJ\\xfalia Ferraz, especialista em mudan\\xe7as clim\\xe1ticas e emerg\\xeancias na Plan International Brasil:\\n"\\xc9 muito comum ainda, quando a gente fala de eventos clim\\xe1ticos extremos, achar que desastre natural \\xe9 uma for\\xe7a maior da natureza, inevit\\xe1vel. \\xc9 importante trazer a perspectiva social para a an\\xe1lise desses fen\\xf4menos. Esses desastres s\\xe3o tamb\\xe9m humanos e existem determinados grupos de pessoas que s\\xe3o desproporcionalmente impactadas pela mudan\\xe7a do clima. As popula\\xe7\\xf5es mais afetadas s\\xe3o diretamente proporcionais ao grau de vulnerabilidade das comunidades atingidas, passando por diversos fatores, como ra\\xe7a, como classe, g\\xeanero e idade. S\\xe3o problemas que existem muito antes da chuva cair".\\nMihaly Martins, artista pl\\xe1stico e volunt\\xe1rio nos primeiros socorros \\xe0s v\\xedtimas da Vila Sahy:\\xa0\\n"A cena era de cat\\xe1strofe, quarteir\\xf5es cheios de casas em que voc\\xea n\\xe3o v\\xea mais nada, s\\xf3 lama e tronco de \\xe1rvore. A gente come\\xe7a a cavar e encontra paredes, lajes\\u2026 At\\xe9 segunda de manh\\xe3 ainda tinha gente gritando embaixo dos escombros: aterrorizante. S\\xf3 onde eu estava n\\xf3s descemos vinte corpos. Tem muita gente soterrada ainda. A gente v\\xea os carros de aluguel debaixo da terra. Tinha muita casa alugada. Veio de madrugada, sem aviso".\\nJo\\xe3o Capobianco, ambientalista e secret\\xe1rio-executivo do Minist\\xe9rio do Meio Ambiente\\n"Nem nos mais radicais discursos alarmistas da quest\\xe3o ambiental n\\xf3s poder\\xedamos imaginar que chegar\\xedamos em uma situa\\xe7\\xe3o t\\xe3o real e concreta como essa que estamos vivendo agora. Quando a gente falava de mudan\\xe7a clim\\xe1tica na Rio 92, sinceramente, nenhum de n\\xf3s imaginava que a acelera\\xe7\\xe3o dos eventos clim\\xe1ticos extremos seria t\\xe3o r\\xe1pida e disruptiva com est\\xe1 sendo. A situa\\xe7\\xe3o \\xe9 dram\\xe1tica e se n\\xe3o houver uma a\\xe7\\xe3o radical de revers\\xe3o n\\xf3s vamos perder o controle da situa\\xe7\\xe3o e ter o clima como nosso principal inimigo".'