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Nega\\xe7\\xe3o
\\nDesejou felicidade aos dem\\xf4nios
\\nRetirou armas do campo de batalha
Escalou montanhas
\\nAprendeu a ter as garras de uma fera
Descobriu o sopro do vento
\\nDesenvolveu afiadas orelhas
\\nCorreu tanto
\\nQue seus p\\xe9s viraram patas
\\nGuardou tanto rancor que
\\nSeus ossos cresceram
\\ncomo facas no alto de sua cabe\\xe7a
Esculpiu a lux\\xfaria com arte sacra
\\nDeglutiu a ira sufocada
\\nEscondeu a prata
Fingia n\\xe3o sentir nada
\\nNegou a pr\\xf3pria dor
\\nNegou tanto o pr\\xf3prio \\xf3dio,
Inveja e desejo de vingan\\xe7a
\\nNegou tanto que se tornou
\\nSeu pr\\xf3prio dem\\xf4nio.
Temia espelhos
\\nOs dem\\xf4nios?
\\nEram sempre os outros
Do alto de uma pedra
\\nUm animal
\\nEm metamorfose
Abandonava seu casulo
\\nFez da dor as asas mais belas
\\nErgueu poeiras
\\nDe uma era
E de si mesmo
\\nSe libertou
\\nA borboleta
\\nN\\xe3o olhou pra tr\\xe1s
\\nEla s\\xf3 voou
\\nMELINA GUTERRES / MEL INQUIETA
\\nwww.instagram.com/poesiacommel
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