O NAVIO NEGREIRO - Castro Alves

Published: Nov. 21, 2022, 8 a.m.

b'

O NAVIO NEGREIRO de Castro Alves por Mell

\\n

I

\\n

\'Stamos em pleno mar... Doudo no espa\\xe7o

\\n

Brinca o luar \\u2014 dourada borboleta;

\\n

E as vagas ap\\xf3s ele correm... cansam

\\n

Como turba de infantes inquieta.

\\n

\'Stamos em pleno mar... Do firmamento

\\n

Os astros saltam como espumas de ouro...

\\n

O mar em troca acende as ardentias,

\\n

\\u2014 Constela\\xe7\\xf5es do l\\xedquido tesouro...

\\n

\'Stamos em pleno mar... Dois infinitos

\\n

Ali se estreitam num abra\\xe7o insano,

\\n

Azuis, dourados, pl\\xe1cidos, sublimes...

\\n

Qual dos dous \\xe9 o c\\xe9u? qual o oceano?...

\\n

\'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas

\\n

Ao quente arfar das vira\\xe7\\xf5es marinhas,

\\n

Veleiro brigue corre \\xe0 flor dos mares,

\\n

Como ro\\xe7am na vaga as andorinhas...

\\n

Donde vem? onde vai? Das naus errantes

\\n

Quem sabe o rumo se \\xe9 t\\xe3o grande o espa\\xe7o?

\\n

Neste saara os corc\\xe9is o p\\xf3 levantam,

\\n

Galopam, voam, mas n\\xe3o deixam tra\\xe7o.

\\n

Bem feliz quem ali pode nest\'hora

\\n

Sentir deste painel a majestade!

\\n

Embaixo \\u2014 o mar em cima \\u2014 o firmamento...

\\n

E no mar e no c\\xe9u \\u2014 a imensidade!

\\n

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!

\\n

Que m\\xfasica suave ao longe soa!

\\n

Meu Deus! como \\xe9 sublime um canto ardente

\\n

Pelas vagas sem fim boiando \\xe0 toa!

\\n

Homens do mar! \\xf3 rudes marinheiros,

\\n

Tostados pelo sol dos quatro mundos!

\\n

Crian\\xe7as que a procela acalentara

\\n

No ber\\xe7o destes p\\xe9lagos profundos!

\\n

Esperai! esperai! deixai que eu beba

\\n

Esta selvagem, livre poesia

\\n

Orquestra \\u2014 \\xe9 o mar, que ruge pela proa,

\\n

E o vento, que nas cordas assobia...

\\n

..........................................................

\\n

Por que foges assim, barco ligeiro?

\\n

Por que foges do p\\xe1vido poeta?

\\n

Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira

\\n

Que semelha no mar \\u2014 doudo cometa!

\\n

Albatroz! Albatroz! \\xe1guia do oceano,

\\n

Tu que dormes das nuvens entre as gazas,

\\n

Sacode as penas, Leviathan do espa\\xe7o,

\\n

Albatroz! Albatroz! d\\xe1-me estas asas.

\\n

Confira a poesia completa em:

\\n

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf

\\n

Edi\\xe7\\xe3o por Felipe Xavier

'