A fita metrica do amor, de Martha Medeiros

Published: April 28, 2020, 10:44 p.m.

b'Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela \\xe9 enorme pra voc\\xea quando fala do que leu e viveu, quando trata voc\\xea com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. \\xc9 pequena pra voc\\xea quando s\\xf3 pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que h\\xe1 de mais importante entre duas pessoas: a amizade.\\n\\nUma pessoa \\xe9 gigante pra voc\\xea quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. \\xc9 pequena quando desvia do assunto.\\n\\nUma pessoa \\xe9 grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age n\\xe3o de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa \\xe9 pequena quando se deixa reger por comportamentos clich\\xeas.\\n\\nUma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espa\\xe7o de poucas semanas: ser\\xe1 ela que mudou ou ser\\xe1 que o amor \\xe9 trai\\xe7oeiro nas suas medi\\xe7\\xf5es? Uma decep\\xe7\\xe3o pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma aus\\xeancia pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser \\xednfimo.\\n\\n\\xc9 dif\\xedcil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento \\xe9 feito n\\xe3o atrav\\xe9s de cent\\xedmetros e metros, mas de a\\xe7\\xf5es e rea\\xe7\\xf5es, de expectativas e frustra\\xe7\\xf5es. Uma pessoa \\xe9 \\xfanica ao estender a m\\xe3o, e ao recolh\\xea-la inesperadamente, se torna mais uma. O ego\\xedsmo unifica os insignificantes.\\n\\nN\\xe3o \\xe9 a altura, nem o peso, nem os m\\xfasculos que tornam uma pessoa grande. \\xc9 a sua sensibilidade sem tamanho.\\n\\nMartha Medeiros\\xa0, Non-stop: cr\\xf4nicas do cotidiano. Rio de Janeiro: L&PM Editores. 2001. 171p.'