Desertificação culpada por incêndio “catastrófico” na Serra da Estrela

Published: Sept. 6, 2022, 9:42 a.m.

Em Agosto, a Serra da Estrela, pulmão de Portugal, ardeu durante 11 dias, queimando 52% desta região que inclui cerca de 2.200 quilómetros de Parque Natural, classificado como Geopark Mundial da UNESCO. Uma das principais causas destes grandes incêndios, segundo a organização não-governamental do Ambiente, Quercus, uma das razões é a desertificação do interior do país e abandono da agricultura. Um incêndio “terrível” e “catastrófico”, segundo classificou Rui Cunha, membro da direção Nacional da Quercus. Esta organização Não Governamental de Ambiente dedicada à preservação do Ambiente pediu que as razões deste grande incêndio fossem esclarecidas, assim como a ação da AGIF - Agência para a Gestão Integrada dos Fogos. "Quem vai à Serra da Estrela hoje vai ver um território todo queimado, uma grande parte do Parque Natural ardeu e é a primeira vez que a Serra da Estrela tem um incêndio desta envergadura nos últimos anos. É terrível e é catastrófico e tem a ver também, quanto a nós a nível da Quercus, coma forma como têm sido geridas as áreas protegidas", explicou o especialista. Em entrevista à RFI, Rui Cunha, diz que a desertificação deste Parque, a introdução de arvores exóticas como o eucalipto e o fim das práticas da agricultura vão continuar a ameaçar não só a Serra da Estrela, mas todas as florestas de Portugal. "As áreas protegidas, especialmente os parques naturais em Portugal, caracterizam-se por ter população e a população residente nestes parques tem vindo a decair e tem também vindo a abandonar a agricultura tradicional. Isto que acontece não só na Serra da Estrela, mas no país inteiro tem muito a ver com este exôdo demográfico porque de facto eram as populações residentes que em grande parte faziam com que não houvesse estes fogos de grande intensidade", indicou Rui Cunha. Rui Cunha, membro da direção Nacional da Quercus, que recomenda ao Governo português um mapeamento das florestas e um reforço da floresta autóctone para evitar grandes fogos nos próximos anos. Do forma a lidar com as consequências deste incêndio, o Governo declarou a situação de calamidade por um ano para o Parque Natural da Serra da Estrela, com o Executivo a reconhecer a necessidade de intervenção urgente junto dos concelhos mais afectados, onde tenha ardido mais de 10% do teritório como Manteigas, Guarda, mas também Covilhã, Celorico da Beira e Gouveia.